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Documentário em curta-metragem sobre guerra na Síria premiado nos Oscares

Lei anti-imigração de Trump impediu Khaled Khateeb, jovem sírio de 21 anos, um dos responsáveis pelo documentário, de comparecer à cerimónia

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Khaled Khatib

O filme “Os Capacetes Brancos” (”The White Helmets”), sobre os voluntários que resgatam vítimas da guerra na Síria, ganhou hoje o Óscar de melhor documentário em curta-metragem.

O realizador do documentário de 40 minutos que se encontra disponível na Netflix, Orlando von Einsiedel, instou a audiência a levantar-se para demonstrar o seu apoio a um fim rápido da guerra civil na Síria, desencadeando um grande ovação de pé.

O britânico Orlando von Einsiedel também leu uma declaração do fundador do grupo dos Capacetes Brancos em que agradece à academia o reconhecimento pelo trabalho da organização de voluntários, criada em 2013, sublinhando que esteve envolvida no salvamento de 81 mil vidas.

Muitos dos membros do grupo foram mortos por ataques aéreos do regime do Presidente sírio, Bashar al-Assad.

Khaled Khateeb, um jovem sírio de 21 anos que é um dos responsáveis pelo documentário, não pôde comparecer à cerimónia dos Óscares depois de a sua entrada ter sido alegadamente bloqueada pelos Estados Unidos.

A produtora Joanna Natasegara considerou a decisão, em declarações à agência noticiosa Associated Press (AP) na passadeira vermelha, “triste e confusa”.

Segundo correspondência interna da administração do Presidente norte-americano, Donald Trump, a que a agência AP teve acesso, o Departamento de Segurança Interna teria decidido à última hora impedir Khaled Khatib de viajar para Los Angeles.

A AP indicou que Khaled Khatib, de 21 anos, devia chegar no sábado a Los Angeles num voo da Turkish Airlines procedente de Istambul. Contudo, os planos alteraram-se, depois de as autoridades norte-americanas terem reportado a descoberta de “informação depreciativa” sobre o jovem.

A expressão abarca uma ampla categoria de situações em que se incluem desde ligações ao terrorismo até irregularidades no passaporte.

Um visto para Khaled Khateeb participar na cerimónia dos Óscares chegou, com efeito, a ser emitido, mas as autoridades turcas detiveram-no na semana passada, ainda segundo a correspondência interna do governo norte-americano, e de repente foi precisa uma isenção por parte dos Estados Unidos para poder entrar no país.

Não há explicação na correspondência relativamente à razão pela qual a Turquia deteve Khaled Khateeb.

Contudo, o próoprio Khaled Khateeb, a partir da cidade turca de Istambul, disse, através da rede social Twitter, que tinha um visto para os Estados Unidos, mas que não ia participar da gala por causa da “intensificação do trabalho”.

“Devia viajar na terça-feira, mas há muito trabalho por causa dos bombardeamentos. Além disso, estou a trabalhar na produção de um outro filme sobre os ‘Capacetes Brancos’ que deve estar pronto nas próximas duas semanas. É por isso que não vou”, disse o próprio, no domingo, também em declarações via telefone à agência noticiosa francesa AFP.

A guerra na Síria, prestes a completar seis anos, já fez mais de 310.000 mortos e milhões de deslocados e refugiados.