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Em pleno verão, que para muitos significa período de férias (reais ou imaginárias), há assuntos que, ano após ano, continuam a ter uma mediatização acentuada. Não é assim de estranhar que, diariamente, sejamos confrontados, por exemplo, com notícias sobre fogos, transferências de jogadores, resultados dos exames e acesso ao ensino superior.

É muito provável que tenhamos uma sensação de “dejá vu” pois, na maioria das vezes, praticamente basta trocar (muitas vezes nem é preciso) os nomes de umas localidades, de uns jogadores e clubes, e de umas disciplinas e cursos, e infelizmente temos “exatamente”, os mesmos problemas e respetivos diagnósticos.

Contudo, não se verificam alterações significativas que, diga-se, normalmente são (quando são) remetidas para grupos de trabalho que “irão estudar o assunto”... Nada quanto ao “estudar os assuntos”, antes pelo contrário, mas ou os estudos têm sido muito mal feitos, ou então, em virtude de múltiplos fatores (onde podem prevalecer os interesses instalados e o receio do novo), não há “vontade” de alterar o estado de coisas.

Entretanto lá vamos ouvindo, por exemplo, que é necessário um reordenamento do território, uma regulação das transferências de jogadores e da possibilidade de estabelecer limites orçamentais e tetos salariais, um sistema de avaliação que efetivamente avalie as capacidades e competências dos alunos e uma maior responsabilização das universidades na sua seleção, etc.

Entre as opiniões fundamentadas e testadas e as “bocas” dos “especialistas das redes sociais” há muito por onde discutir e optar. O que não parece aceitável é que, mesmo quando parecem existir boas intenções, basicamente se continue “a mudar alguma coisa para que tudo fique na mesma”.

Não basta que esperemos que o fogo não nos bata à porta, que o nosso clube, com mais ou menos “chico espertice”, faça boas opções, que os nossos filhos ou familiares, com mais ou menos explicações..., lá entrem num curso superior. Ou será que basta!? Parece que prevalece a lógica de que se nos formos safando é melhor deixar “andar o barco” sem fazer ondas!? No fundo até parece que não queremos abandonar um dos nossos passatempos favoritos, a lamentação!?

É óbvio que, por vezes, muito legitmamente, nos podemos queixar por “nos ter saído a fava”, seja na vida pessoal, seja na profissional. Porém, também é possível que a “infelicidade” não decorra dos “azares da vida” mas porque, em devido tempo, não tomámos as opções mais adequadas..., nomeadamente porque preferimos olhar para o lado e ir escapando entre os pingos da chuva...

Se é verdade que, muitas vezes, não temos possibilidade de resolver diretamente grande parte das disfuncionalidades que identificamos, é bem possível que no nosso âmbito de intervenção familiar, profissional, social e cívico, possamos ser bem mais competentes, mais que não seja porque procuramos resolver os problemas que surgem, em vez de os tentar varrer para debaixo do tapete.

Infelizmente, para além daqueles que só sabem criar confusão e complicar as situações, também parecem existir muitos partidários da lógica que “só há dois tipos de problema: os que o tempo resolve e os que nem o tempo consegue resolver”.

Bom, mas agora nada disto parece interessar. A bola já começou a rolar e temos é de garantir que a cerveja está fresquinha... e pensar nos “dislates” que podemos escrevinhar nas redes sociais ou dizer aos colegas de trabalho, em função do resultado do jogo ...