O governo venezuelano ordenou ao Banco Bicentenário (BC), estatal, a concessão de créditos a pelo menos 55 pequenos estabelecimentos comerciais que foram alvo de saques e vandalismo durante os recentes protestos contra o regime, anunciou fonte bancária.

A atribuição dos créditos foi confirmada aos jornalistas pelo presidente do BC, Miguel Pérez Abad, precisando que foram destinados 50.000 milhões de bolívares (69,8 milhões de euros).

“Temos registados mais de 55 negócios queimados, saqueados, vandalizados. Há um dano moral e psicológico importante (...) há gente que está muito comovida, angustia, com medo. Dizem que não sabem se voltarão a construir ou esperar, porque estão muito inseguros”, disse, citado pela televisão estatal venezuelana.

Pérez Abad acrescentou que a maioria dos afectados são comerciantes da oposição e que o banco está a trabalhar em conjunto com várias câmaras municipais e outras autoridades venezuelanas para certificar os danos, avaliar as perdas e oferecer o apoio financeiro.

A 24 de Abril o BC outorgou créditos a vários comerciais do Distrito Capital e do vizinho Estado de Miranda, afectados por saques.

Pelo menos um supermercado de portugueses foi recentemente saqueado.

Desde 4 de Abril que as manifestações a favor e contra o governo venezuelano se têm intensificado.

A oposição tem protestado para exigir a convocação de eleições gerais no país, a libertação dos presos políticos e o fim da repressão.

Os protestos dirigem-se ainda contra duas sentenças recentes do Supremo Tribunal de Justiça a conceder poderes especiais ao presidente Nicolás Maduro e a limitar a imunidade parlamentar, assumindo as funções dos deputados.

Cerca de 30 morreram e, de acordo com as autoridades venezuelanas, 1.289 foram detidas das quais 65 permanecem presas.