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Início das negociações na ONU para banir armas nucleares

Mais de 100 países tentam acordo inédito para proibir o seu fabrico, com o objectivo de reduzir o risco da temida guerra nuclear

Foto EPA/HENRY LIN
Foto EPA/HENRY LIN

Mais de 100 países iniciam hoje, na ONU, negociações inéditas sobre um tratado para proibir as armas nucleares, com o objetivo de reduzir o risco de uma guerra atómica, apesar da objeção de grandes potências.

O início das negociações sobre um texto legalmente vinculativo foi decidido em outubro, com o apoio de 123 países-membros das Nações Unidas.

A maioria das potências nucleares votou contra estas negociações (Estados Unidos, Israel, Reino Unido, Rússia) ou absteve-se (China, Índia, Paquistão).

Até o Japão, o único país a ter sofrido, em 1945, ataques nucleares, votou contra, preocupado com a possibilidade de a falta de consenso sobre as negociações “minar os progressos de um desamamento nuclear efetivo”.

A oposição destes países não dissuadiu as nações que lideram este dossier, como a Áustria, Irlanda, México, Brasil, África do Sul ou Suécia, nem as centenas de organizações não-governamentais que as apoiam.

Tendo em conta a proliferação dos focos de tensão, entre as ameaças da Coreia do Norte e a nova administração norte-americana considerada imprevisível, estes países decidiram agir, inspirados pelos movimentos que levaram às convenções internacionais que impediram as bombas de fragmentação (assinada em 2008) e as minas antipessoais (1997).

“Vai levar tempo, não somos ingénuos. Mas é muito importante, sobretudo neste momento, quando assistimos a todo o tipo de discursos ou demonstrações de força, incluindo a ameaça de utilização de armas nucleares”, declarou na semana passada na ONU a ministra dos Negócios Estrangeiros sueca, Margot Wallström.

“Muitos países dizem que devemos sair do impasse nesta questão, ao fim de tantos anos. É também uma expressão de frustração”, acrescentou.