O CDS-PP/Madeira, através do seu vereador na Câmara Municipal do Funchal, propõe hoje a atribuição, a título póstumo, da Medalha de Mérito Municipal, Grau Ouro, ao engenheiro Rui Vieira.

A proposta que vai à reunião de vereadores de hoje será apresentada por José Manuel Rodrigues que na proposta lembra que Rui Vieira foi “uma personalidade marcante da Madeira da segunda metade do século XX, com relevantes serviços prestados à Região e às suas populações”.

Aliás, “este ilustre funchalense”, nascido a 29 de Março de 1926 e falecido nesta cidade a 29 de Agosto de 2009, pautou “a sua vida pelo serviço público e pela defesa do bem comum”, enquanto “engenheiro agrónomo, político, governante, dirigente associativo, desempenhou muitos cargos, mas destacou-se sempre pelo saber cientifico, pelo perfil técnico e pela competência que imprimia às suas múltiplas actividades”, refere.

No seu vasto currículo, lembrado no texto da proposta centrista, pode-se ler um resumo de uma intensa actividade que durou 83 anos.

“Formado no Instituto Superior de Agronomia em 1951, regressou à Madeira e integrou os quadros dos Serviços Agrícolas da então Junta Geral do Distrito Autónomo do Funchal, que anos mais tarde veio a dirigir, e onde desde logo se destacou pela sua capacidade de trabalho e pelas investigações que produziu sobre a botânica, a floricultura, a fruticultura e a viticultura, tendo publicado inúmeros livros sobre estas matérias.

Criada a Escola Elementar da Agricultura da Madeira, na Ponta do Sol, em 1954, foi nomeado seu director e aí desenvolveu um trabalho notável na formação dos técnicos e no apoio aos agricultores, introduzido métodos inovadores que vieram a ter grande impacto no desenvolvimento do sector primário da Região.

O Engenheiro Rui Vieira foi um dos obreiros e primeiro director do Jardim Botânico da Madeira, em 1960, um ex-libris do Funchal e que hoje ostenta, reconhecidamente, o seu nome por Resolução do Conselho do Governo Regional de setembro de 2009.

Entre 1965 e 1969 foi deputado na Assembleia Nacional da ditadura e já em Democracia, nos anos de 1995 e 1996, representou o CDS e a Madeira no Parlamento Europeu, integrando o Grupo UPE (União para a Europa]. Para além de parlamentar foi também governante, profundo conhecedor da realidade regional, tendo presidido à Junta Geral do Funchal, entre 1971 e 1974.

Com o 25 de Abril de 1974, volta a exercer funções executivas nas Juntas Governativa e de Planeamento com o pelouro da agricultura, pecuária e pescas, o que revela que, pese embora apesar da mudança de regime, o seu caráter, o seu mérito e a sua alta competência foram sempre reconhecidos.

Com a implantação da Autonomia, em 1976, e a criação de órgãos de governo próprio, volta a funções executivas com o cargo de Director Regional do Planeamento, tendo colaborado na Operação Integrada de Desenvolvimento da Madeira, lançada com fundos europeus.

O Estado reconheceu o seu mérito e carreira e atribuindo-lhe as Condecorações de Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, logo em 1964 e a de Comendador da Ordem Civil do Mérito Agrícola e Industrial, em 1991.

Ao longo da sua vida, participou activamente na vida comunitária do Funchal e dedicou muito tempo às causas sociais, tendo sido dirigente de várias instituições de solidariedade de que se destaca a direcção, durante uma década, da Comissão Distrital de Assistência do Funchal e o cargo de Provedor da Santa Casa da Misericórdia do Funchal.

Mais do que um Político ou um Governante, cargos que exerceu com elevada competência, o Engenheiro Rui Vieira foi um excecional Servidor da Causa Pública e um Madeirense apaixonado pela sua terra e pelas suas gentes.

Assim, a Cidade deve prestar o seu Tributo a este ilustre funchalense que honrou e serviu a terra que o viu nascer.

Nestes termos e ao abrigo do disposto no artigo 10- do Regulamento de Medalhas Municipais, proponho que seja atribuída ao Engenheiro Rui Manuel da Silva Vieira, a Medalha de Mérito Municipal, Grau Ouro, a título póstumo, pelos relevantes serviços prestados ao Funchal, à Madeira e a Portugal.

Que em cumprimento do estatuído no artigo 10- do citado Regulamento, conjugado com o disposto na alínea ccc) do n- 1, do artigo 33a do Regime Jurídico das Autarquias Locais, aprovado pela Lei na 75/2013, de 12 de Setembro, a presente deliberação seja homologada pela Assembleia Municipal”.

Uma homenagem que poucos colocarão em causa, e que deverá merecer o consenso dos vereadores à direita e à esquerda.