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Dieta alimentar dos portugueses tem de mudar a bem das alterações climáticas

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A associação ambientalista Zero defende que os portugueses têm de mudar a sua dieta alimentar, passando a consumir menos carne e peixe, lembrando que os hábitos de consumo e a produção de alimentos têm forte impacto nas alterações climáticas.

Num comentário ao novo relatório do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas, hoje divulgado, a Zero entende que “Portugal é um dos países onde o uso do solo é mais decisivo” para atingir os objetivos do Acordo de Paris de combate às mudanças climáticas.

A proteção das florestas e a mudança na produção e consumo de alimentos surgem no relatório das Nações Unidas como fundamentais para interromper a crise climática.

Os ambientalistas portugueses da Zero traçam, perante os alertas do relatório, prioridades para Portugal: “Temos a grande missão de evitar a destruição sistemática das nossas florestas pelos incêndios, evitando as extensas monoculturas. Precisamos de investimentos agrícolas que sejam apostas diferentes do passado, com menos necessidades de água e de fertilizantes e com maior resiliência às mudanças climáticas”.

Quanto aos hábitos dos portugueses, a Zero entende que é necessário mudar “a dieta alimentar, que inclui demasiada carne e peixe, a bem da saúde, dos ecossistemas e do clima”.

Num comunicado em que analisa o relatório hoje divulgado, a Zero recorda que a produção de gado produz um elevado número de emissões poluentes.

As dietas ricas em carne de bovinos e ovinos têm grandes impactos no ambiente, mas também as quantidades de desperdício alimentar contribuem para as emissões de gases com efeito de estufa.

A Zero aponta ainda que “mais de 60% da produção agrícola mundial é dominada por quatro culturas” -- milho, arroz, trigo e soja -- “criando um sistema de produção e comercialização altamente dependente do que acontece com estas culturas”.

Os ambientalistas avisam que “a agricultura industrial e a indústria alimentar são quase tão importantes para as alterações climáticas quanto os combustíveis fósseis”, até porque 75% dos recursos de água doce são dedicados à produção agrícola ou pecuária.