Mundo

Separatistas iemenitas tomam palácio presidencial em Aden

Foto REUTERS/Mohamed al-Sayaghi
Foto REUTERS/Mohamed al-Sayaghi

Combatentes separatistas tomaram ontem o palácio presidencial em Aden, capital do Iémen, após vários dias de combates, uma vitória que assume um caráter essencialmente simbólico, uma vez que o Presidente Abd Rabbo Mansour se encontra na Arábia Saudita.

“Tomámos o palácio às forças da Guarda Presidencial sem um combate”, disse à agência France Press um porta-voz de uma força militar separatista denominada “Cordão de Segurança”.

De acordo com várias fontes militares, os combatentes separatistas tomaram ao longo do dia o controlo de três casernas das forças governamentais em Aden, onde o poder lealista se estabeleceu depois da queda da capital histórica do país, Sana, no norte, às mãos dos rebeldes Houthis.

Os combates em Aden prolongam-se desde a passada quarta-feira entre combatentes separatistas e soldados do Governo, constituído por uma coligação apoiada pela Arábia Saudita e pelo emirado do Abu Dhabi. Esta coligação arábo-sunita combate no norte do país os rebeldes xiitas Houthis, apoiados pelo Irão.

Os combates em Aden fizeram pelo menos 18 mortos, entre combatentes e civis, de acordo com fontes médicas e de segurança. Segundo a organização Médicos Sem Fronteiras, mais de 75 feridos foram tratados num hospital dirigido pela ONG.

O governo iemenita tinha apelado na passada quinta-feira à Arábia Saudita e aos Emirados Árabes Unidos para “fazerem pressão urgente” sobre os apoiantes de um Iémen do Sul independente, por forma a “impedir” uma escalada militar.

O Iémen do Sul foi um estado independente até 1990. No sul, é ainda muito forte o ressentimento contra os iemenitas do norte, acusados de terem imposto pela força a unificação do país.

A guerra civil no Iémen fez já cerca de 3,3 milhões de deslocados e 24,1 milhões de pessoas, ou seja, mais de dois terços da população, têm necessidade de assistência, de acordo com as Nações Unidas.

Os combates em Aden tornam ainda mais confusa a situação no país, que se vê confrontado com o risco de “uma guerra civil dentro de uma guerra civil”, de acordo com um relatório do instituto de análise de conflitos International Crisis Group (ICG).