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Repressão de protesto agrava discórdia e desconfiança sobre processo eleitoral

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O Presidente da Guiné-Bissau disse ontem que a repressão do protesto em Bissau agrava a discórdia e as desconfianças sobre o processo de preparação das presidenciais e que o Governo não está a servir os interesses da Nação.

“A mortífera violência da repressão policial contra uma marcha pacífica de cidadãos indefesos, que não constituía uma ameaça à segurança, nem às instituições ou à propriedade, representa uma disrupção que se afasta vertiginosamente dos valores que temos promovido, semeando mais crispação e discórdia, agravando as desconfianças em relação ao processo de preparação da eleição presidencial”, afirmou José Mário Vaz, numa mensagem à Nação.

Na mensagem, o Presidente salienta que na Guiné-Bissau “não pode haver mais quero posso e mando, nem para um Governo que dispõe aleatoriamente do direito à vida dos cidadãos”.

“Um Governo que não só não garante a segurança dos cidadãos, como violenta e abusivamente põe em causa a segurança e a integridade física dos nossos irmãos, não está a servir os interesses da Nação guineense”, salientou.

No discurso, o Presidente guineense sublinhou que, na semana passada, há tinha advertido o Governo a “assumir a responsabilidade plenas pelos seus atos” pela “forma fraturante como vem conduzindo matérias tão sensíveis e determinantes para o futuro” do país.

Na segunda-feira à noite, o primeiro-ministro denunciou uma tentativa de golpe de Estado e envolveu um dos candidatos às presidenciais.

“Os trágicos e mortíferos acontecimentos hoje registados, demonstram que os apelos à sensatez proferidos pelo Presidente da República não tiveram eco dentro do Governo, tentado a todo o custo semear a confrontação, o caos e instabilidade com o objetivo de inviabilizar eleições que se pretendem transparentes, livres e justas no dia 24 de novembro”, disse.

A Guiné-Bissau realiza eleições presidenciais em 24 de novembro, estando a segunda volta, caso seja necessária, prevista para 29 de dezembro.

Várias candidaturas têm protestado com a forma como está a ser organizado o processo eleitoral para as presidenciais, incluindo a de José Mário Vaz.

Para o Presidente, os acontecimentos registados hoje no país “envergonham a Guiné-Bissau”.

“O Presidente da República, em nome do Estado da Guiné-Bissau, apresenta as condolências à família da vítima mortal desta repressão e deseja rápida recuperação aos cidadãos espancados e violentados pela carga desnecessária e desproporcional ordenada pelo governo. Em nome do nosso Estado, o Presidente da República apresenta desculpa e roga perdão a todos os que foram vítimas desta insensatez e bárbara maldade”, afirmou.

A polícia guineense dispersou hoje, com recurso a gás lacrimogéneo, uma tentativa de manifestação em Bissau, organizada por vários partidos da oposição e por apoiantes de dois candidatos independentes às eleições presidenciais de 24 de novembro.

Uma pessoa morreu e três pessoas ficaram feridas no protesto que não foi autorizado pelo Ministério do Interior.

A polícia confirmou também a detenção de três pessoas.

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