Mundo

Chefe da diplomacia venezuelana garante que país quer evitar conflito

Foto EPA
Foto EPA

O chefe da diplomacia venezuelana, Jorge Arreaza, disse hoje em Damasco que a Venezuela, afetada por uma crise política com sérias repercussões económicas e humanitárias, quer evitar um conflito similar à guerra que assola a Síria desde 2011.

Na capital síria, o ministro dos Negócios Estrangeiros venezuelano, que foi recebido pelo Presidente sírio, Bashar al-Assad, acusou os Estados Unidos de quererem provocar uma guerra na Venezuela, assegurando que o governo liderado pelo Presidente Nicolás Maduro irá apoiar-se na diplomacia e no diálogo para evitar tal cenário.

A Venezuela enfrenta desde 23 de janeiro uma crise política sem precedentes, marcada por uma forte contestação contra Nicolás Maduro e pela autoproclamação do opositor e presidente da Assembleia Nacional (parlamento), Juan Guaidó, como Presidente interino venezuelano.

Mais de 50 países, incluindo os Estados Unidos e a maioria dos países da UE, entre os quais Portugal, reconheceram Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes naquele país.

Nicolás Maduro, cujo segundo mandato presidencial é considerado ilegítimo por muitas vozes internacionais, é apoiado por países como a Rússia, Cuba, China, Coreia do Norte, Irão e Síria.

Segundo a agência oficial síria Sana, o Presidente sírio sublinhou, durante o seu encontro com Jorge Arreaza, que “o que se está a passar na Venezuela é semelhante ao que aconteceu na Síria”.

“O objetivo é exercer uma tutela sobre os países e confiscar a sua decisão independente”, afirmou Bashar al-Assad, citado pela Sana.

Fragilizado por uma vaga de protestos populares em 2011, que acabou por degenerar num conflito complexo e sangrento, o regime de Assad manteve-se no poder graças ao apoio da Rússia, o seu principal aliado na cena internacional.

Atualmente, o regime de Damasco controla quase dois terços da Síria, depois de ter alcançado vitórias contra os grupos rebeldes e os ‘jihadistas’.

“Quando o Presidente Assad explicou as etapas que marcaram os primeiros dias da guerra contra a Síria, os pontos comuns com aquilo que estamos a viver na Venezuela surgiram-nos de repente como evidentes”, disse Arreaza, durante uma conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo sírio, Walid al-Mouallem, relatada pela Sana.

“Dizemos ao Presidente Assad que a experiência da [guerra na] Síria nos ajuda na Venezuela, que nos dá ideias e orientações sobre como lidar com essa situação”, acrescentou Jorge Arreaza.

O chefe da diplomacia venezuelana descartou, porém, a opção de um confronto militar na Venezuela.

“Devemos evitar a guerra com a ajuda dos nossos amigos”, concluiu o ministro do governo venezuelano, que nas últimas semanas tem contado com a cooperação militar da Rússia.

A Rússia enviou no mês passado para a Venezuela, de acordo com relatos da imprensa venezuelana, dois aviões que transportavam 99 militares e 35 toneladas de material bélico.

Na Venezuela residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.

Os mais recentes dados das Nações Unidas estimam que o número atual de refugiados e migrantes da Venezuela em todo o mundo situa-se nos 3,4 milhões.

Só no ano passado, em média, cerca de 5.000 pessoas terão deixado diariamente a Venezuela para procurar proteção ou melhores condições de vida.