“Depois não se queixe”

Dois Domingos nos separam das próximas eleições autárquicas. A nossa preocupação como eleitores responsáveis deve focar-se no perfil dos candidatos concorrentes e no trabalho que desenvolvem, ou pretendem desenvolver, junto da população local. Porque a missão primordial de qualquer presidente de Câmara que se preze deve ser a melhor gestão e manutenção do espaço público e garantir qualidade de vida a todos os munícipes, independentemente da sua cor partidária. Na Região, desde há cinquenta anos a esta parte, assiste-se a uma consistente osmose do partido maioritário com o poder governativo, transformando-o numa espécie de poder dentro do próprio Governo. Um e outro confundem-se promovendo uma nefasta promiscuidade, um sentimento de poder absoluto que não é aceitável numa Democracia madura. É o terreno fértil para a germinação de tentações absolutistas, em que tudo é possível mas não passível de escrutínio, com reflexos em atitudes eivadas de prepotência, sintomáticas de quem se considera inatingível e até, algumas vezes, acima da lei.

Como a melhor forma de ensino é pelo exemplo, e quando o exemplo vem de cima, facilmente as réplicas alastram a todas as estruturas do poder autárquico.

Às tantas ninguém sabe onde acaba o partido e começa o Governo. Há que ponderar seriamente , discernir o essencial do supérfluo, o aceitável do perfeitamente dispensável. Um povo que elege corruptos, inúteis, mentirosos, cínicos e traidores torna-se cúmplice e não vítima. Nós fazemos as nossas escolhas, mas somos escravos das respectivas consequências. E, “quem não se levanta para acender a luz, não tem o direito de reclamar do escuro”.

Serei até ao fim defensora da Justiça, da Equidade, da Verdade e tão impertinente quanto mo permitir a lucidez e a legalidade. Não tenho, nunca tive medo de ser “bloqueada “ou “excluída” por emitir a minha opinião. Ao “apedrejamento” dos ressabiados das redes sociais, dos comentadeiros de tasca, das alcoviteiras desocupadas, do ódio e intolerância dos infalíveis bajuladores avençados, dos hipócritas e cópias mal conseguidas de Judas eu respondo com:“a liberdade de expressão é o alicerce com que foi criada a nossa civilização”.

Não há antibióticos que possam debelar a estupidez profunda misturada com maledicência em estado agudo. As “dores” que corroem a mente e o espírito levam-nos a fazer figuras ridículas, intrigar, caluniar e odiar quem não subscreve as nossas atitudes, opiniões e ideologia partidária. Não se tem capacidade, ou não se quer, dissociar relações de amizade, convivência circunstâncial do fanatismo ideológico-partidário. Afasta-se, ignora-se, humilha-se, fazendo jus à velha máxima - “quem não é por mim é contra mim”.

Uma liderança estratégica exige solidez intelectual e firmeza ética, porque o bem comum tem de ser servido com seriedade e decência. Vive-se em constante fingimento, numa paz podre e, por mais altos que sejam os gritos, só ouvimos o silêncio. O silêncio é bem mais potente que o berro. Como diz um meritíssimo Juiz, “depois não se queixe”.

Madalena Castro