Trabalho invisível e desprotegido lembrado no Dia da Mulher de São Tomé e Príncipe
A Mén Non, Associação de apoio à Mulher de São Tomé e Príncipe em Portugal, celebrou ontem o Dia da Mulher são-tomense, num evento que alertou para o "trabalho invisível, desprotegido e desvalorizado" das mulheres.
A celebração, que simultaneamente assinalou os 15 anos da organização, decorreu na União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), em Lisboa, sob o tema "O Papel da Mulher na Educação do Indivíduo na Sociedade". O evento foi preparado para "homenagear e valorizar a mulher são-tomense num dia carregado de cultura, reflexão e união".
A presidente da Mén Non, Maria José Rebelo, denunciou o "trabalho invisível, desprotegido e desvalorizado" das mulheres, apontando que a falta de direitos básicos, como o acesso à "segurança social e à saúde", as torna vulneráveis, e apelou à intervenção do Governo, nomeadamente para a criação de infraestruturas para apoiar as crianças.
"O Governo tem que criar infraestruturas (...) porque a Mén Non não tem condições financeiras para fazer isso. A educação é uma coisa que faz muita falta em termos futuros. A criança precisa ser acompanhada pela família, pelos pais, avós, para um dia mais tarde saber como se comportar numa sociedade", acrescentou.
Diferentes figuras femininas proeminentes participaram num debate sobre imigração, educação e transformação social, antecedido por um minuto de silêncio em memória das vítimas de violência em Portugal e no mundo.
Sobre a falta de apoio às mães são-tomenses, Maria José Rebelo referiu que, "quando vão trabalhar, muitas vezes não têm com quem deixar os filhos e isso é um problema grave (...). As crianças não podem ser criadas à solta, precisam de ser acompanhadas".
Numa vertente cultural, a celebração contou com momentos musicais ao som de Tonecas Prazeres e do Grupo de Cavaquinho do Bairro das Amendoeiras, um desfile de moda com a designer Kenya Rodrigues e a recitação de uma ode às mulheres do arquipélago.
O Dia da Mulher de São Tomé e Príncipe é celebrado em homenagem à manifestação do dia 19 de setembro de 1974, quando um grupo de mulheres saiu às ruas da capital são-tomense para exigir do Governo colonial a independência do arquipélago, que viria a ser conquistada no ano seguinte, a 12 de julho de 1975.
Entre os objetivos da associação contam-se o de "transmitir informações sobre empreendedorismo, liderança, direito das mulheres e saúde reprodutiva".