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Brasil considera "absurdas" restrições de visto dos EUA a ministro da Saúde

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O ministro das Relações Exteriores do Brasil disse ontem que as restrições de visto impostas pelos Estados Unidos ao ministro da Saúde brasileiro são "absurdas" e que já pediu "interferência" do secretário-geral da ONU.

"São restrições que não têm cabimento, injustas, absurdas", disse Mauro Vieira, numa conferência de imprensa em Brasília ao lado da chefe da diplomacia da UE,  Kaja Kallas, referindo-se à participação do ministro da Saúde brasileiro, Alexandre Padilha, na 80.ª Assembleia Geral da ONU.

Mauro Vieira disse ainda que já pediu a "interferência" do secretário-geral "junto ao país-sede".

"Tratamos do tema nos canais disponíveis, e estamos esperando agora a ação do secretário-geral da ONU e a presidente da Assembleia Geral", reforçou.

Alexandre Padilha recebeu um visto circulação limitada a cinco quarteirões entre o hotel em que se hospedar ar e a sede da ONU, em Nova Iorque.

Em plena crise diplomática entre o Brasil e os Estados Unidos, Washington cancelou em agosto o visto de Padilha e de alguns dos seus familiares como sanção pela sua participação, como ministro da Saúde na época, na assinatura de um acordo de 2013 para a contratação de milhares de médicos cubanos.

O Acordo de Sede da ONU diz que autoridades estaduais, federais ou locais não imporão nenhum impedimento ao movimento de representantes dos Estados-membros de ou para a sede central da ONU, em Nova Iorque, independentemente das relações existentes entre os Governos visitantes e o Governo dos Estados Unidos.

A 80.ª sessão da Assembleia Geral da ONU (UNGA80) arrancou no passado dia 09, iniciando-se na próxima semana, dia 23, o debate geral de alto nível com o discurso do Presidente brasileiro, Lula da Silva, como habitualmente ocorre.

O Brasil e os Estados Unidos vivem, nos últimos meses, tensões comerciais e diplomáticas sem precedentes iniciadas com a imposição de tarifas de 50% por parte dos EUA a vários produtos brasileiros.

Esta crise entrou numa nova fase mais delicada na sequência da condenação, na semana passada, a 27 anos e três meses de prisão, do ex-Presidente brasileiro Jair Bolsonaro, aliado político de Donald Trump.

 O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, alertou que o país responderá à condenação, uma decisão que classificou como "caça às bruxas".

"Continua a perseguição política liderada por Alexandre de Moraes [juiz relator do processo], sancionado por violar os direitos humanos, depois de ele e outros membros do Supremo Tribunal Federal do Brasil terem decidido injustamente prender o ex-Presidente Jair Bolsonaro", denunciou Marco Rubio no dia em que foi conhecida a condenação.