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Incêndios País

Portugal ficou sem ‘Canadair’ em situação de alerta para risco de incêndio?

País tem sido afectado por múltiplos incêndios rurais de grande dimensão desde Julho, sobretudo nas regiões Norte e Centro. Os fogos deixaram uma área ardida de cerca de 252 mil hectares e provocaram quatro mortos

Em 2024, a Madeira recebeu e operou aviões Canadair espanhóis para combater as chamas, após o Governo português ter activado o Mecanismo Europeu de Protecção Civil
Em 2024, a Madeira recebeu e operou aviões Canadair espanhóis para combater as chamas, após o Governo português ter activado o Mecanismo Europeu de Protecção Civil, Foto arquivo/ Aspress

Em entrevista ao canal Now, na semana passada, o líder nacional do Chega, teceu duras críticas ao Governo de Luís Montenegro no que concerne ao combate aos incêndios, que têm assolado o País.

André Ventura afirmou que a situação está “exactamente igual" ao ano passado, isto porque, em 2024, "nós tínhamos zero aviões 'Canadair' agora temos zero mais dois que estão avariados", sublinhou.

Será verdade que Portugal ficou sem ‘Canadair’ durante a situação de alerta para risco de incêndio?

No passado dia 11 de Agosto, uma notícia avançada pela Agência Lusa dava conta que os aviões pesados de combate a incêndios florestais ‘Canadair’ de que Portugal dispunha tinham ficado fora de serviço, segundo fonte da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).

A mesma fonte explicava que os dois aviões ‘Canadair’ afectos ao Dispositivo Especial de Combate aos Incêndios Rurais (DECIR) ficaram inoperacionais, existindo um terceiro para substituir em caso de eventuais avarias, mas que também se encontrava fora de serviço.

Isto numa altura em que Portugal se encontrava em situação de alerta devido ao risco de incêndio – declarada, pela primeira vez, entre 3 e 7 de Agosto e, entretanto sucessivamente prolongada até 19 de Agosto – e com vários incêndios a decorrer no Norte e Centro do País.

Na ocasião, a porta-voz da Força Aérea Portuguesa (FAP), que tem a cargo o processo de contratação dos meios aéreos de combate a incêndios florestais, alertava ainda que as empresas responsáveis pelo aluguer e operação dos aviões deveriam repor os ‘Canadair’ fora de serviço sob pena de serem penalizadas por não cumprirem os contratos.

Entretanto, o Governo Português viu-se obrigado a accionar o Mecanismo de Protecção Civil da União Europeu.

Portugal aciona Mecanismo de Proteção Civil da União Europeia

A Suécia vai enviar dois aviões Fire Boss, que deverão chegar a Portugal no próximo domingo.

Na sequência desta decisão, Portugal solicitou o envio de quatro aviões Canadair, para permanecer em território nacional até ao dia 18 de Agosto e apoiarem no combate aos incêndios rurais.

Esta informação foi avançada, no passado dia 15, pelo secretário de Estado da Protecção Civil, Rui Rocha, durante uma visita do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, do primeiro-ministro, Luís Montenegro, e da ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral, à sede da ANEPC - Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, em Carnaxide.

Portugal registava, nessa a altura, a primeira das quatro vítimas mortais dos incêndios deste Verão.

Ex-autarca de Vila Franca de Deão morre a combater fogo

O ex-autarca de Vila Franca do Deão, Carlos Dâmaso, é a primeira vítima mortal dos incêndios florestais que assolam o país.

Menos de duas horas depois do anúncio, a presidente da Comissão Europeia escrevia no X que o apoio estava a ser mobilizado.

Portugal foi o sétimo país da Europa a accionar o Mecanismo de Proteção Civil da União Europeia, no âmbito do combate aos incêndios rurais, este Verão.

Portugal recebe dois aviões Canadair da Grécia na sexta-feira

Portugal vai receber na sexta-feira dois aviões Canadair disponibilizados pela Grécia para reforçar o combate aos incêndios rurais até 25 de agosto, anunciou hoje o Ministério da Administração Interna.

Paralelamente, o Reino de Marrocos enviou dois aviões Canadair, no dia 11 de Agosto, através do mecanismo de cooperação bilateral em matéria de protecção civil.

A 14 de Agosto, a empresa que opera em Portugal os ‘Canadair’ dava conta da substituição dos dois aviões afectos ao Dispositivo Especial de Combate aos Incêndios Rurais (DECIR), que estavam avariados.

Estas duas aeronaves juntavam-se, assim, aos dois 'Canadair' que as autoridades portuguesas alugaram para apoiar no combate aos incêndios rurais e que já se encontram em actividade desde o dia anterior.

"Desta forma, fica reposto o dispositivo de aviões pesados de combate a incêndios em Portugal", sublinhava fonte oficial da Avincis.

Desta feita, e ainda que tenha sido reposta a normalidade, não deixa de ser verdade que Portugal chegou a ficar sem ‘Canadair’ enquanto vigorava a situação de alerta para risco de incêndio.

A isto acresce que “apesar de ser o país do Mediterrâneo com mais área de floresta ardida, Portugal é também o único que não tem uma frota própria destes aviões”. “A Croácia tem seis, a Grécia tem 17, Itália possui 18, França tem 12, Espanha conta com 25 e Marrocos tem seis”, indica a CNN Portugal.

Em Julho de 2024, o Ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, e a então Ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, assinaram um contrato de aquisição de dois aviões bombardeiros pesados DHC-515 Canadair, adquiridos com recurso a fundos comunitários, através do Programa RescEU. Todavia, as duas aeronaves que "têm por missão reforçar os meios próprios do Estado para a missão de combate aos incêndios rurais", só deverão ser entregues à Força Aérea Portuguesa a partir de 2029.

"Nós tínhamos zero aviões 'Canadair' agora temos zero mais dois que estão avariados”, acusou André Ventura, em entrevista no canal Now