A importância política das eleições no município do Funchal
Mais uma vez, à beira de umas eleições autárquicas, o povo madeirense encontra-se perante escolhas decisivas: a mais importante, pondo de parte bairrismos sem fundamento sério, é de quem vai governar o Município do Funchal, a capital da Região e onde todos, de todos os lados, inclusivamente os cidadãos do Porto Santo, vêm ter, seja à procura de remédio para os seus males, seja para ultrapassar burocracias, seja para ter acesso a bens culturais que não são tão acessíveis nos outros lugares do arquipélago.
Do Funchal, os madeirenses esperam tudo – mesmo que não o confessem – e da cidade, capital das ilhas, sai efetivamente o que é mais importante. Digo-o, sem problemas, porque tenho uma costela em quase todos os cantos da Madeira e não desprezo as minhas origens.
É por isso que a eleição do Presidente da Câmara Municipal do Funchal é uma questão regional. Claro está que quem vai elegê-lo é cidadão eleitor numa das dez freguesias do Funchal. Mas a decisão final vai influenciar a vida de todos os madeirenses, na exata medida em que a autarquia do Funchal influencia os seus movimentos e ocupações.
A eleição do Edil para a cidade do Funchal não é, por tudo o que antecede, ocioso ou desprezível: porque a qualidade de vida de muitos cidadãos que não residem no Funchal, mas trabalham neste concelho ou precisam de tratar de assuntos pessoais nesta cidade, depende de quem manda; desde logo, ao nível da circulação rodoviária, do estacionamento e do acesso aos serviços públicos localizados no Funchal.
Da Câmara Municipal em funções só vi que, ao invés de facilitar o estacionamento dos particulares perto do edifício sede, apropriaram-se dos estacionamentos junto ao edifício da edilidade para viaturas camarárias.
Esse será, apenas, um sinal do desprezo que a edilidade municipal do Funchal dedica aos cidadãos. A desordenada política de fechar ruas ao trânsito com pré-aviso de véspera, tornou-se uma moda. Para quando teremos uma política de gestão de espaços públicos que tenha em conta o equilíbrio das expetativas dos cidadãos com a louvável iniciativa das agremiações desportivas e outras que nem tanto são.
O executivo do Município do Funchal, ora em funções, falhou em muitas coisas: a nossa cidade do Funchal está descontrolada ao nível do trânsito, das obras particulares (onde cada promotor, com influência, consegue construir o que quer, nem que seja à força de um Plano de Pormenor previamente combinado). E até das obras públicas que, para além do deficiente planeamento, são anunciadas de véspera e sem adequada sinalização.
Por isso, concluo que é necessária uma mudança que seja credível e capaz de resolver estes problemas. O PSD apresenta um cinzentão que nada traz de novo, nem entusiasma o mais fanático dos laranjas. Outros candidatos se apresentam, em melhores condições de modificar a situação. “Et il faut que ça change pour que il reste toujours la même chose!”
João Cristiano Loja