Um insulto aos bombeiros e à inteligência

O presidente do Chega (PC) filmou-se a apagar uma pequena chama junto a uma árvore nas cinzas do fogo que por ali passara.

Pouco ou nada teria de significativo já que poderia ser apenas e só uma tentativa pueril e ridícula de um criançola armando-se em “bombeiro” feito à pressa.

Mas não, é sobretudo um insulto ao gigantesco esforço e espírito de sacrifício dos bombeiros, bem como das populações que vêm lutando ao seu lado para defender as suas vidas e bens patrimoniais, nomeadamente as suas casas, dos brutais incêndios que vêm assolando Portugal e o sul da Europa.

É também um insulto à inteligência dos portugueses porque as condições meteorológicas extremamente gravosas que têm assolado o sul da Europa, nomeadamente Espanha, França, Grécia, Alemanha e outros países originaram este ano a maior área florestal ardida desde sempre na UE.

É interessante assistir nas televisões à chusma de comentadores, salvo raras exceções dos que se dedicam ao estudo sério desta problemática, que apontam pseudo-soluções que ao longo de uma década de promessas socialistas onde a reforma da floresta, que nunca saiu do papel, era a chave para resolver a problemática dos incêndios florestais.

Não deixa de ser patético que um ex-ministro socialista conhecido pelo escândalo das “golas anti-fumo inflamáveis” também ache que os incêndios em curso poderiam ter sido evitados com as medidas que o seu governo socialista jamais foi capaz de pôr em prática.

O Prof. Domingos Viegas, um dos estudiosos e reputados especialistas portugueses em incêndios florestais, disse em recente entrevista ao JN, que o problema dos incêndios não se vai conseguir resolver e diz que a prioridade deveria ser investir nas pessoas, principalmente naquelas que têm de enfrentar os fogos, que são cíclicos.

Parece-nos uma visão muitíssimo acertada já que o agravamento das condições meteorológicas fruto do aumento continuado do aquecimento global promoverá condições cada vez mais propícias aos grandes fogos florestais e que por mais que se reforce o dispositivo humano e os meios de combate, estes em circunstâncias extremamente gravosas como as atuais, serão sempre insuficientes, se não houver a colaboração profícua e esclarecida das populações, cuja formação para esse combate na defesa das suas vidas e do seu património contra os incêndios florestais terá de ser uma prioridade imediata do Estado.

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