A Fajã da Ovelha e os seus 472 anos de história
Foi no passado dia 9 de Agosto que se comemoraram os 472 anos da freguesia da Fajã da Ovelha. Além de ser a maior freguesia do concelho da Calheta, esta localidade prima pelas suas belas paisagens desde a Maloeira à Lombada dos Marinheiros, ao longo dos seus 24Km2.
Graças ao facto de ser uma localidade predominantemente agrícola, mantém aos dias de hoje muita área cultivada, o que lhe proporciona uma beleza singular, apesar de se notar muito abandono de terras, sobretudo nas zonas de maior declive. Os socalcos retalhados nas longas e acentuadas encostas e que tanto caracterizam a nossa paisagem, já não são cultivados como outrora, é verdade. Mas se por um lado lamentamos, por outro não nos podemos esquecer que há não muitas décadas atrás esses mesmos socalcos só estavam todos cultivados porque a população precisava de o fazer para sobreviver. E que felizmente, aos poucos, foram encontrando melhores condições de vida, muitos fruto do progresso, outros pela via da emigração. Dois pontos de vista antagónicos de uma mesma realidade.
No que toca ao património, a freguesia da Fajã da Ovelha é detentora de um rico património edificado, desde logo da bonita e emblemática capela de São Lourenço, erguida no início do século XVI, com a curiosidade de erguer o seu sino retirado do luxuoso iate inglês “Varuna” que naufragou nos mares algures entre a Calheta e o Porto Moniz, por volta do ano 1909. Esta capela constituiu a primeira sede da paróquia, entretanto alterada para a Igreja de São João Batista, outro magnífico edifício, que tem estado a ser reabilitado e cujo restauro do interior, nomeadamente das peças em talha dourada e pinturas, lhe devolveram uma beleza ímpar e cuja visita é obrigatória para quem passa por estas bandas.
Os bonitos lavadouros recuperados são outro marco histórico da freguesia por representarem o quotidiano e o modo de vida dos seus habitantes.
A antiga fábrica da Manteiga, agora propriedade privada constitui outro edifício emblemático da freguesia.
Além do património edificado, os miradouros dos Zimbreiros e do Pico dos Bodes ou Miradouro da Raposeira, são outros pontos de grande interesse, com a curiosidade que deste último conseguimos vislumbrar quatro freguesias do concelho.
A recuperação do Caminho Real nesta freguesia foi outra importante obra que veio valorizar o nosso património.
A pista de motocross é outra atração, cujas competições lá realizadas trazem milhares de pessoas, assim como a já conhecida Avalanche da Raposeira que reúne centenas de amantes do ciclismo radical e de montanha.
E tudo tem mais encanto por estas bandas acima de tudo pela afabilidade das suas gentes, pessoas genuínas, muito orgulhosas do seu cantinho e com um dinamismo cultural sem igual. Não é por acaso que é nesta freguesia que estão sediadas duas importantes associações culturais, o Grupo de Folclore da Calheta e o Grupo de Cordas da Fajã da Ovelha de importância vital na preservação e divulgação da cultura popular e promoção quer do concelho, quer da Região.
A Casa do Povo da Fajã da Ovelha também não é exceção e ao longo dos últimos anos tem assumido um papel fulcral na comunidade, pelo seu dinamismo e pelas diversas atividades desenvolvidas sempre com forte interação da população local, nomeadamente aquando do desfie de romagens de Natal que reúne habitualmente cerca de 800 músicos e cantores; na organização das Marchas Populares, que conta cada vez mais com maior número de participantes, bem como com a Mostra do Figo, do Tabaibo e do Mel cuja data para a sua realização será nos próximos dias 23 e 24 de Agosto junto à Igreja de São João Batista e cujo convite já aqui fica.
É a história e as muitas histórias de humildade, bravura e resiliência da sua população que marcam os seus 472 anos e cujo legado tanto nos orgulha.
Parabéns Fajã da Ovelha!