À boca pequena

Durante quase 50 anos e desde que a democracia foi implementada em Portugal e mais concretamente mesmo ter sido desenvolvida na região alguns dias depois, e após tantos anos prevalece a hegemonia política dum só partido. É caso para estudo sócio-político o perceber qual a razão que levou aos madeirenses aceitarem ser democraticamente governado sempre pelos mesmos. Dirão alguns que o atraso que até então na região prevalecia fez com que o desenvolvimento encetado motivou os madeirenses a acreditarem estar a viver uma época de total liberdade. O grande investimento dos imigrantes nos finais dos anos 70 e oitenta, depois seguidos da adesão à CEE, hoje UE, fizeram com que na Madeira um processo de desenvolvimento evidente aos olhos de todos fosse implementado e fizesse com que o governo que tutela os destinos da nossa terra usufruísse da confiança do povo. Mas será que esse mesmo desenvolvimento assegurou o atual futuro dos madeirenses? Vejamos que por várias vezes a região teve a necessidade de recorrer ao pagamento da excessiva dívida então criada e a qual foi efetivada casualmente pelo governo central liderado pelo partido da oposição. Em 2002 sob o executivo liderado por A. Guterres, o então ministro das Finanças Sousa Franco, ter assumido um passivo de (630 MILHÕES de euros). Em 2007 A. J. Jardim num clima de chantagem separatista conseguiu que José Sócrates injetasse (256,7 MILHÕES de Euros) no âmbito dum programa (pagar a tempo e horas). Entretanto e antes já Durão Barroso com Manuela F. Leite como ministra das finanças tinha assumido (32,4 MILHÕES de Euros) da dívida regional. Enquanto que devido à catástrofe do temporal de 20 de Fevereiro 2010 o governo central assumiu parte do valor da reconstrução uma ajuda na ordem de (740 MILHÕES de euros). Neste momento 2025 a dívida da região assenta nos (5.020, MILHÕES de Euros). A atual crise política espoletada pelas sucessivas quedas dos governos fruto de suspeitas de corrupção e de atribuir ao atual presidente do governo o estatuto de arguido, deixa os cidadãos a pensar que afinal andamos estes anos todos a escolher para governar esta terra gente que de certa forma andaram a esbanjar os dinheiros públicos e só agora é que a justiça meteu a mão, mesmo que outrora tivessem existido situações semelhantes como foi o caso Cuba Livre entre tantos outros e nos mais recentes o Ab initio já muito divulgado e debatido. Tudo isto para deixar só uma questão. Será que MUDAR o rumo de tudo isto é um risco demasiado elevado para testar um modelo diferente para esta já bem adulta democracia ou aguardar que ela chegue ao período da reforma? Será que quem vier a seguir analisará as consequências de todos estes fatores que colocaram a região num beco sem saída ou numa vereda para o abismo? A população se continuar calada ou alheia a tudo isto poderá tornar-se cúmplice duma catástrofe sem precedentes. O importante será tomar a decisão de votar para poder alterar o rumo da democracia sem perder o caminho da liberdade. Porque o voto continuará a ser a única e verdadeira arma do povo.

A. J. Ferreira