Há um médico madeirense que, neste momento, se encontra na Argentina, à conquista do Aconcágua. O pico/cume mais alto das américas e que integra os ‘Seven Summits’ (Sete Cumes). É mesmo o cume mais alto fora do continente asiático.
O ortopedista Mário Pereira encontra-se no penúltimo acampamento, antes da tentativa de alcançar o cume do Aconcágua. Esse acampamento está a uma altitude de 5.500 metros. O próximo acampamento situa-se a 6.000 metros e deverá ser alcançado.
O grande desafio está reservado para o próximo domingo, por volta das 19 a 20 horas de Portugal. No entanto, essa escalda final deve começar já neste sábado, pelas 22 horas (hora da Argentina), devendo a chegada ao cume acontecer pelas 20 horas locais, “se tudo correr bem”, diz-nos o médico a partir do penúltimo acampamento.
A comunicação com o DIÁRIO faz-se através da Internet, com recurso à rede Starlink do multimilionário Elon Musk.
O “se tudo correr bem” é óbvio em tudo, mas, em especial num desafio em que a taxa de sucesso é de 29%, como é o caso do topo do Aconcágua. E, por regra, não há lugar a uma segunda tentativa. “Geralmente não há, pois a exaustão, após uma tentativa, é extrema.”
A expedição que os precedeu “não fez pico e desistiu”.
Mas Mário Pereira não está só nesta aventura. Além da equipa de logística, há vários outros membros na expedição: Um norte-americano, que faz Ultra Trail e já visitou mais de 100 países; uma canadiana de origem ucraniana, professora de ioga e que vive na Guatemala metade do ano; uma guia turística suíça, com vasta experiência de escalada nos Alpes; uma russa, que aparenta riqueza e que vai aos Himalaias todos os anos; um sul-africano, tímido e simpático, que perdeu um olho numa prova de triatlo; uma vietnamita, que corre o Mundo a coleccionar as montanhas mais altas e “um patinho feito”. Trata-se do “portuga, doctor, o mais velho (do grupo), com mais uns quilitos, o ancião do grupo”.
Logo nos primeiros dias, a montanha deu sinal de que não ia facilitar a vida ao grupo expedicionário. O tempo estava “muito duro”, com ventos superiores a 50 km/h e a sensação térmica de 25º negativos.
A expedição é de quase um mês. No início de Fevereiro, Mário Pereira foi para a Argentina, para a fase final de preparação. A subida ao Pico Bonete (5050 metros) foi o último passo.
A subida ao Concágua é pausada para o corpo se ir adaptando às condições extremas.
A descida também é exigente. São 5 ou 6 dias até ‘à civilização’. O local onde se encontram é muito remoto, nas proximidades do deserto do Atacama, um dos locais mais secos do Mundo, o que explica que não seja muita neve nas altitudes inferiores do Aconcágua.
Depois da descida, impõe-se a recuperação física, o que levará vários dias.
Este é o terceiro dos sete grandes picos de Mário Pereira. No ano passado, subiu ao Kilimanjaro (África – 5.895 metros). Os outros, dos Seven Summits, são: Vinson (Antartica 4.892 metros); Puncak Jaya (Austrália - 4.884 metros); Everest (Eurásia – 8.848 metros); Denali (América do Norte – 6.194 metros); Mauna Kea (Pacífico – 4.207 metros) e Aconcágua (América do Sul – 6.961 metros).