Cerca de 50 pessoas participaram em marcha de apoio à liberdade na Venezuela no Funchal
Cerca de 50 emigrantes venezuelanos e luso-descendentes participaram hoje, no Funchal, Madeira, numa marcha pela liberdade na Venezuela e em apoio à líder da oposição María Corina Machado, galardoada com o prémio Nobel da Paz.
"Todos os luso-venezuelanos têm andado nesta luta pela liberdade da Venezuela e pretende-se o reconhecimento do prémio que foi atribuído a María Corina", disse Lídia Albornoz, da associação Comando Com Venezuela, responsável pela organização da manifestação na capital madeirense.
Os manifestantes concentraram-se na Praça CR7, na zona do Porto do Funchal, e depois percorreram a avenida marginal até à Praça do Povo.
Lídia Albornoz sublinhou que o prémio atribuído à líder da oposição venezuelana é também de "todo o povo venezuelano e de todos aqueles que têm lutado durante estes anos pela liberdade daquele país".
"Temos os Estados Unidos na Venezuela, nunca vimos uma coisa destas", disse, referindo-se à atual tensão entre os dois países, para logo reforçar: "Todos queríamos que [a mudança] fosse rápida e já, mas sabemos que há muitos interesses por detrás destas negociações e teremos de aguardar com fé que tudo se resolva muito brevemente."
Fé foi também o que expressou Tomás Freitas, um luso-venezuelano, filho de pais madeirenses, que reside na ilha desde 2019.
"Temos fé e, com a pressão que o governo norte-americano está exercendo, é capaz que aconteça algo bom para a Venezuela. Temos que esperar", disse.
Esta foi a primeira vez que Tomás Freitas participou numa manifestação pela liberdade na Venezuela desde que reside na região.
"Estamos aqui para defender a liberdade da Venezuela, a nossa líder María Corina, e para que se respeite a decisão que o povo tomou na eleição passada [28 de julho de 2024], na qual o presidente González Urrutia foi quem ganhou", disse.
Hoje foram convocadas marchas e manifestações de apoio a María Corina Machado, através do portal elnobelesnuestro.com, em França, Itália, Reino Unido, Austrália, Canadá, Brasil, Argentina, Peru e Colômbia, entre outros países.
Estavam ainda previstas manifestações em 24 cidades espanholas, incluindo Madrid e Barcelona.
Em Portugal, a marcha decorreu no Funchal.
Alcina Andrade, uma das manifestantes, que viveu quadro décadas na Venezuela e regressou à Madeira há seis anos, disse acreditar "100% na liberdade" do país e considerou que o Nobel da Paz atribuído a María Corina Machado "dá mais força" à luta do povo.
"Estou cá porque tenho esperança na liberdade. A esperança não se perde", afirmou.
Esperança foi também a mensagem transmitida pela emigrante Susana Rodrigues, filha de madeirenses, que reside na região autónoma há quatro anos.
"Desta vez estamos ainda mais animados, com fé, porque pensamos que desta vez estamos muito mais perto de obter aquilo porque tanto temos lutado: a paz na Venezuela", disse, para logo reforçar: "Todos os venezuelanos pelo mundo temos esperança, amor, união e, sobretudo, neste momento tão bonito, que é dezembro e Natal, para se reencontrar e reconciliar."
De acordo com dados oficiais, a Venezuela acolhe uma das maiores comunidades de emigrantes oriundos da Madeira, cerca de 400 mil, sendo que atualmente residem no arquipélago cerca de 20 mil venezuelanos e luso-venezuelanos.
Hoje, o diretor do Instituto Nobel Norueguês informou que María Corina Machado, confirmou que vai viajar para Oslo para receber o Prémio Nobel da Paz.
Havia dúvidas se a líder da oposição da Venezuela conseguiria assistir à cerimónia de entrega do Prémio Nobel, em 10 de dezembro, na capital norueguesa.
Corina Machado, de 58 anos, foi galardoada com o Prémio Nobel da Paz em 10 de outubro pela sua luta pela transição democrática na Venezuela.
Em 2024, foi impedida de concorrer às eleições presidenciais, nas quais o então presidente Nicolás Maduro foi declarado vencedor, apesar dos protestos da oposição.
Os Estados Unidos e grande parte da comunidade internacional não reconheceram o resultado eleitoral.