Na noite de segunda-feira, 1 de Dezembro, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, foi internado no Hospital Universitário de São João, no Porto, após uma indisposição na sequência de uma paragem de digestão, segundo uma nota publicada na página oficial da Presidência da República.
Pouco depois, confirmou-se que o Chefe de Estado teria de ser submetido a uma cirurgia de urgência para corrigir uma hérnia encarcerada, uma intervenção considerada de baixo risco cirúrgico e anestésico.
Neste Explicador, detalhamos o que é uma hérnia encarcerada, como pode ser identificada e outros tipos de hérnias.
De que se trata uma hérnia?
Uma hérnia é a saliência de um órgão ou tecido, através de uma “abertura”, natural ou adquirida, numa zona mais frágil do corpo.
A parede abdominal é a localização mais comum, onde uma parte do intestino ou gordura pode formar uma saliência sob a pele. Contudo, existem outros tipos de hérnias como a crural ou femoral (em que a saliência está próxima à coxa), a hérnia do hiato (consiste na saliência de um parte do estômago através de uma pequena abertura no diafragma) ou a hérnia discal (que afecta um ou mais discos intervertebrais).
O que é uma hérnia encarcerada?
No caso do Presidente da República, o diagnóstico que o levou a ser operado de imediato e com sucesso, foi uma hérnia encarcerada.
Esta condição ocorre quando os órgãos ou o conteúdo no seu interior ficam presos fora da cavidade abdominal e não conseguem retornar à sua posição habitual. A hérnia encarcerada fica fixa e pode evoluir.
Quais são os sintomas?
O principal sintoma são as dores abdominais, que ocorrem de forma intensa, na região afectada devido ao volume de tecidos extravasados e a falta de nutrição que contribuí para que eles fiquem lesionados.
Além disso, podem surgir outros sintomas. Tais como:
- Náuseas intensas;
- Vómitos;
- Inchaço, vermelhidão, calor local e endurecimento na região da hérnia;
- Constipação intestinal (nos casos em que se verifica obstrução do órgão)
Factores de risco
O risco de uma hérnia se tornar encarcerada aumenta, sobretudo, quando existe uma hérnia prévia não tratada e situações que elevam a pressão dentro do abdómen, como levantar pesos, esforço físico intenso, tosse crónica ou obstipação prolongada. O envelhecimento, cirurgias anteriores, obesidade e tabagismo também fragilizam a parede abdominal, facilitando o encarceramento. Além disso, factores anatómicos tornam algumas pessoas mais vulneráveis: as mulheres apresentam maior risco de hérnias femorais, que encarceram com maior frequência, enquanto antecedentes familiares também podem contribuir para essa predisposição.
Hérnia crural ou femoral
Trata-se de uma saliência ou caroço na coxa, próximo à virilha, que pode estar acompanhada de sintomas como desconforto ao levantar, dor abdominal, náuseas ou vómitos.
Esta condição é mais comum em mulheres e pode surgir devido a uma fragilidade dos músculos abdominais na região do canal, fazendo com que parte da gordura do abdómen e intestino consigam atravessar o músculo e forme um caroço.
Hérnia do hiato
Refere-se a uma condição em que uma parte do estômago se desloca do abdómen para o tórax, através de uma abertura natural no diafragma chamada hiato esofágico. Essa alteração anatómica pode interferir no funcionamento da válvula que separa o esófago do estômago, favorecendo o refluxo gastroesofágico.
Existem diferentes tipos de hérnia de hiato, sendo a mais comum a hérnia do tipo deslizante, onde o estômago e a parte inferior do esófago ‘sobem’ para o tórax. Já as hérnias paraesofágicas, menos frequentes, envolvem o deslocamento de outras partes do estômago ao lado do esófago.
Este Explicador contém informações do jornal Público.