Polémica biblioteca de Trump será a primeira na Florida e a décima sexta nos EUA
A universidade pública Miami Dade College (MDC) aprovou terça-feira a oferta de um terreno público no valor de mais de 300 milhões de dólares para instalar a biblioteca oficial do atual presidente dos Estados Unidos, a primeira na Flórida.
As bibliotecas presidenciais são um compêndio dos mandatos dos seus titulares: intensos, bem-sucedidos e, por vezes, escandalosos.
A biblioteca do atual presidente dos EUA, Donald Trump, atualmente em projeto, guardará o legado da sua presidência, um arquivo que, à semelhança dos seus antecessores na Casa Branca, será gerido pela Administração Nacional de Arquivos e Registos (NARA), que é a instituição que conserva os arquivos do Governo dos Estados Unidos.
Neste momento, a NARA administra 14 bibliotecas presidenciais em funcionamento, e outras duas em desenvolvimento, as de Joe Biden e Donald Trump, que conservam os documentos e objetos dos presidentes durante a sua administração e os colocam à disposição do público para estudo e debate.
Este sistema foi constituído em 1939, quando o presidente Franklin Roosevelt doou os seus documentos pessoais e presidenciais ao Governo Federal, com a ideia de que estes constituíssem uma parte importante do património nacional. Dois anos mais tarde, Roosevelt inaugurou a sua biblioteca em Hyde Park, em Nova Iorque.
O presidente, com o aconselhamento do arquivista dos EUA, entre outros, é quem decide a localização da sua biblioteca.
Muitas vezes encontram-se no estado de origem do chefe de Estado, como são os casos das de John F. Kennedy, em Boston (Massachusetts), Jimmy Carter, em Atlanta (Geórgia) ou George W. Bush, em Dallas (Texas).
Noutros casos escolhem um local significativo da sua vida ou da sua carreira política. Ronald Reagan optou por Simi Valley, na Califórnia, estado onde foi ator e governador, e Dwight D. Eisenhower escolheu Abilene (Kansas), que considerava a sua cidade natal, apesar de ter nascido em Denison (Texas).
Outras vezes situam-se em campus universitários, como aconteceu com a biblioteca de Lyndon B. Johnson na Universidade do Texas, em Austin.
Em 2017, o presidente Barack Obama inovou com a primeira biblioteca presidencial totalmente digital, sem um local físico, que inclui fotografias, vídeos, documentos, tweets ou e-mails, entre outros arquivos.
As bibliotecas presidenciais conservam mais de 600 milhões de páginas de textos; quase 20 milhões de fotografias; mais de 6 milhões de metros de película cinematográfica; quase 100.000 horas de gravações em discos, fitas de áudio e vídeo; mais de 500 terabytes de dados eletrónicos e cerca de 750.000 objetos de museu, segundo os dados da NARA.
Por norma, a construção de uma biblioteca presidencial é feita com fundos privados, embora depois seja administrada pela NARA. E, em geral, procuram representar e destacar o legado do presidente e, por isso, costumam escolher um local importante, como um edifício apelativo, que é atribuído a importantes arquitetos.
A biblioteca de Bill Clinton, por exemplo, está situada em Little Rock, Arkansas, a capital do estado que governou durante onze anos. E é um edifício futurista que custou 165 milhões de dólares, desenhado pelo arquiteto nova-iorquino James Polshek, com um enorme prisma retangular coberto de vidro.
No ano passado, mais de um milhão de pessoas visitaram estes museus, segundo dados da NARA. Destaca-se o de Ronald Reagan, com 258.618 visitantes, seguido do de John F. Kennedy, com 146.924, e de Lyndon B. Johnson, com 114.782.
Nos Estados Unidos, as bibliotecas presidenciais não só preservam a memória do presidente, como também servem como foco de educação. Além disso, permitem às gerações presentes e futuras entender melhor a evolução da democracia norte-americana e o legado dos seus líderes.