Herança de Resistência

Um dia somos martelos, outras vezes pregos. O futebol é assim: ora bate, ora leva. O que devemos aprender com isto? Que quando as coisas correm mal é altura de desaparecer? É altura de desistir?

O Marítimo é herança de um povo que sempre enfrentou o mar, a distância e a adversidade com a coragem de quem não conhece rendição. Na nossa história não há espaço para a resignação.

Recordemos que, em Fevereiro de 1931, quando a escassez ameaçou o pão e a dignidade do madeirense, o povo levantou-se. Não por rebeldia gratuita, mas por necessidade e honra. Não para destruir, mas para sobreviver. Esse episódio marcou-nos, ensinou-nos que quando tentam tolher o sustento e a alma ao povo desta ilha, a resposta nunca é o abandono. É a resistência. É o erguer da voz por aquilo que nos pertence.

Assim é o Marítimo, nascido do povo, temperado pela luta, irredutível perante a adversidade. Os capítulos difíceis são os que nos unem. Aqui, na nossa casa, não se medem adeptos pelo número de vitórias, mas pela profundidade da lealdade no seu lema. E essa, na Madeira, nunca foi frágil nem passageira. Foi, e continuará a ser, inabalável.

É na saúde e na doença. É nos aplausos e no silêncio. É quando a bola entra e, sobretudo, quando custa a entrar. Que em vez de desânimo, traga união. Que em vez de fugir, inspire a ficar.

De Um Povo Que Sabe Lutar, O Marítimo Nasceu…

Marco Serrão