Rússia apresenta projecto para Gaza no Conselho de Segurança da ONU
A Rússia apresentou no Conselho de Segurança da ONU um projeto de resolução alternativo sobre Gaza, que diverge da proposta dos EUA e não autoriza a criação de um "comité de paz" nem de uma força internacional.
O projeto norte-americano, apresentado na semana passada, pretende endossar o plano de paz promovido pelo Presidente Donald Trump, que levou ao cessar-fogo de 10 de outubro entre Israel e o Hamas, após dois anos de conflito devastador na Faixa de Gaza.
A versão russa, distribuída hoje, não menciona o nome do Presidente norte-americano, limitando-se a saudar "a iniciativa que levou ao cessar-fogo" e pedindo ao secretário-geral da ONU, António Guterres, que "identifique opções para aplicar as disposições do plano de paz" e apresente "rapidamente um relatório com propostas para o envio de uma força internacional de estabilização".
A proposta dos EUA prevê a criação de um "comité de paz" presidido por Trump, com mandato até dezembro de 2027, encarregado de gerir uma fase de governação transitória em Gaza, e autoriza o envio de uma Força Internacional de Estabilização (FIE).
Moscovo defende uma abordagem mais gradual, subordinando qualquer presença internacional no terreno à aprovação prévia do Conselho de Segurança.
Em resposta, Washington alertou para os riscos de atrasar a adoção do seu texto, argumentando que o cessar-fogo permanece frágil e que "as tentativas de semear a discórdia durante as negociações podem ter consequências graves e totalmente evitáveis para os palestinianos em Gaza".
"O cessar-fogo é frágil e apelamos ao Conselho para que se una e avance para garantir a tão necessária paz", afirmou um porta-voz da missão norte-americana junto da ONU, sublinhando que a resolução proposta representa "uma oportunidade histórica para preparar o caminho para uma paz duradoura no Médio Oriente".
Fontes diplomáticas indicaram, contudo, que o projeto norte-americano continua a levantar questões entre vários membros do Conselho, nomeadamente a ausência de um mecanismo de monitorização, o papel futuro da Autoridade Palestiniana e os detalhes do mandato das Forças de Segurança Interna (FSI) previstas no plano.