Toc-toc

Toc-toc, um menino que mal consegue arrastar umas velhas muletas; outra vez se ouve toc-toc, um coração que deixa de bater com um tiro certeiro na cabeça. O som não cessa, toc-toc, pedaços de pessoas espalham-se pelo chão. Mais uma vez, toc-toc, uma médica bate na mesa em desespero: acaba de atestar a morte por fome de mais uma criança (já passam de 500 pessoas). Toc-toc, um cadeado fecha um portão; do outro lado, mais de 6.000 caminhões cheios de esperança que poderiam acabar com a fome em Gaza. Toc-toc, retiram uma menina de 2 anos debaixo dos escombros (seus irmãos, sua mãe e seu pai foram engolidos pela explosão). Toc-toc, este não é o som de lágrimas caindo por um genocídio evitável, são as pancadas de dois energúmenos sobre a mesa, enquanto se guardava um minuto de silêncio pelas vítimas do Genocídio em Gaza, no Parlamento das Baleares, na Espanha.

Damián López