João Roque abre o MADIT’25 com testemunho sobre engenharia e ajuda humanitária
De acordo com um comunicado de imprensa, o primeiro orador do MADIT’25 (Madeira Innovation Talks) foi o engenheiro madeirense João Roque, que apresentou o tema “Da Madeira para o mundo: a engenharia ao serviço da ajuda humanitária e suporte de vida a populações afetadas por conflitos armados.”
Na sua intervenção, João Roque abordou o papel da engenharia como ferramenta essencial na resposta a crises humanitárias e na reconstrução de comunidades afectadas por conflitos e pobreza.
O engenheiro relatou o seu percurso profissional, que começou em 2001, quando saiu da Madeira para estudar Engenharia Civil em Lisboa. Posteriormente, concluiu o mestrado em Itália e iniciou a carreira em Macau e Xangai, onde participou em projectos como o Tribunal Marítimo de Macau e a sede da Bosch. Trabalhou, ainda, na multinacional Caterpillar, liderando projectos no Dubai e em Joanesburgo.
Durante o conflito na Síria, coordenou projectos de abastecimento de água, reabilitação de hospitais e apoio a campos de refugiados. Entre os trabalhos destacados encontra-se a reconstrução da estação de bombagem que fornece água a cerca de quatro milhões de pessoas em Damasco. Paralelamente, apoiou a criação de centros de reabilitação para vítimas de minas terrestres e clínicas de emergência.
Mais tarde, foi destacado para a Venezuela, onde enfrentou desafios relacionados com a escassez de recursos e o colapso das infraestruturas básicas. Relatou que muitos hospitais operavam sem energia elétrica ou água potável e que, com uma equipa de cinco engenheiros, foi possível reabilitar dezenas de unidades de saúde e melhorar as condições de vida de mais de 1,3 milhões de pessoas.
Comparando as experiências na Síria e na Venezuela, João Roque destacou que, em ambos os contextos, a engenharia foi determinante para melhorar as condições de vida das populações. Segundo o engenheiro, “nós, engenheiros, conseguimos ter impacto em situações de crise. Conseguimos melhorar a vida das pessoas, otimizar os recursos e transformar conhecimento técnico em ação humanitária.”
O orador explicou ainda que a decisão de se dedicar à ajuda humanitária surgiu após observar técnicos da UNICEF a construir uma escola num estaleiro, o que o levou a candidatar-se ao Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV), onde integrou o departamento Water and Habitat, responsável por infraestruturas de abastecimento de água, saneamento e habitação em contextos de crise.
A intervenção de João Roque marcou o início da conferência, que é organizada pela Região Madeira da Ordem dos Engenheiros, com o apoio institucional da Ordem dos Engenheiros a nível nacional. O evento tem como objetivo reforçar o papel da engenharia na sociedade e contribuir para a construção de uma Comunidade do Conhecimento e da Inovação.