Célia já tinha perdido para Rui Marques?
Nas eleições do passado dia 12 de Outubro, a presidente socialista, Célia Pessegueiro, foi derrotada pelo antigo presidente da Câmara, Rui Marques, que regressa assim à governação do município da Ponta do Sol.
A derrota de Célia para Marques nas últimas eleições gerou diferentes interpretações, sobretudo nas redes sociais. Enquanto alguns utilizadores apontavam tratar-se da primeira vez que Célia era vencida nas urnas pelo presidente eleito, outros lembravam que, em eleições anteriores, Marques já havia obtido vitórias frente a Célia, gerando uma certa polémica sobre a real novidade do resultado.
Nas eleições autárquicas de 12 de Outubro de 2025, Rui Marques regressou à Câmara Municipal da Ponta do Sol e venceu a então presidente socialista, Célia Pessegueiro, com 53,63% dos votos contra 39,41% do PS, retomando a governação do município após oito anos de liderança socialista. Este confronto não foi inédito, mas sim a repetição de um duelo que já se tinha verificado 12 anos antes.
Em 2013, Rui Marques, recandidato ao terceiro mandato consecutivo, derrotou Célia Pessegueiro, que se estreava como cabeça-de-lista do PS. O PSD obteve 55,97% dos votos, elegendo quatro mandatos, enquanto o PS ficou com 20,58%, garantindo apenas Célia como vereadora e única representante da oposição. Esta derrota marcou o primeiro confronto directo entre os dois políticos.
O cenário político mudou nos anos seguintes. Em 2017, já sem Rui Marques em disputa — impedido de se recandidatar devido ao limite de três mandatos consecutivos — Célia Pessegueiro conquistou a presidência da Câmara da Ponta do Sol, derrotando Virgílio Ganança, o candidato do PSD, por apenas 30 votos. Esta eleição representou a primeira vez em décadas em que os socialistas assumiram o comando da autarquia.
Nas autárquicas de 2021, Célia reforçou o seu domínio político, sendo reeleita para um segundo mandato consecutivo, desta vez derrotando o candidato do PSD, Gualberto Fernandes. Com isso, o PS manteve o controlo da Câmara Municipal durante oito anos, implementando políticas locais e consolidando a presença do partido no concelho.
Ciclo autárquico de Rui Marques começou em 2005
A trajectória de Rui Marques começou num período de grande instabilidade para o PSD na Ponta do Sol. Em 2004, o então presidente da Câmara, António Lobo, foi detido no âmbito de suspeitas de corrupção — o chamado ‘Caso Lobo’. Lobo esteve em prisão preventiva e, posteriormente, em prisão domiciliária, acabando por renunciar ao cargo em 2005, deixando o partido fragilizado e sem liderança consolidada.
O PSD apostou em Rui Marques, então jovem e desconhecido, como cabeça-de-lista para tentar segurar a Câmara. Nas autárquicas de 2005, Marques venceu com 48,64% dos votos, frente a 46,11% do PS, liderado por José Manuel Coelho. A vitória foi curta — cerca de 140 votos — mas suficiente para iniciar uma trajectória de três mandatos consecutivos (2005–2017), garantindo estabilidade política ao concelho e pavimentando futuros confrontos eleitorais.
Nas eleições de 2009, Rui Marques foi reeleito, embora o PSD tenha perdido cerca de 15% dos votos em relação a 2005, enquanto o PS recuperou ligeiramente, passando para 15,22%, com Francisco Dias como cabeça-de-lista. O resultado mostrou que, apesar da queda relativa de popularidade, o PSD continuava dominante, enquanto o PS ainda não conseguia disputar efectivamente a Câmara.
Em 2013, o embate directo entre Rui Marques e Célia Pessegueiro consolidou-se como um marco na política local. Rui Marques, recandidato ao terceiro mandato consecutivo, venceu com ampla margem (55,97% vs 20,58%) e garantiu quatro mandatos no executivo. Célia, estreante como candidata, ficou com a única vereação da oposição, um passo inicial importante na sua carreira política.
Após 2013, o PSD enfrentou o limite de mandatos consecutivos de Rui Marques, abrindo espaço para a ascensão de Célia Pessegueiro. Em 2017, o PS conquistou a Câmara pela primeira vez em décadas, com vitória mínima sobre o PSD e Virgílio Ganança. Em 2021, Célia consolidou a sua liderança com a reeleição frente a Gualberto Fernandes.
O regresso de Rui Marques em 2025 não apenas reverteu o domínio do PS, mas também marcou o segundo confronto directo entre ele e Célia Pessegueiro, provando que a derrota de Célia não era inédita.
Conclui-se assim que esta não foi uma derrota inédita de Célia Pessegueiro para Rui Marques. A primeira derrota, ainda como candidata da oposição, ocorreu nas autárquicas de 2013. A segunda derrota, já como presidente em exercício, verificou-se nas eleições de 2025.