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Explicador Madeira

A gripe e as vacinas

Saiba o que dizem as autoridades de saúde sobre a vacinação sazonal

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Foto Shutterstock

Está aí à porta a época da gripe e, com ela, a altura das campanhas da vacinação sazonal. Na Região Autónoma da Madeira a campanha arrancou no final do mês de Setembro, com novos grupos incluídos. Mas, o que diz a Organização Mundial de Saúde?

A Organização Mundial de Saúde (OMS) vem, ao longo dos anos, reforçando que a vacinação é a única maneira de evitar a Influenza (gripe). Em todo o mundo, a Influenza está associada, anualmente, a cerca de 3 a 5 milhões de casos de doença grave, e a cerca de 650 mil mortes relacionadas às doenças respiratórias agudas.

Todos os Outonos e Invernos são propícios à disseminação deste tipo de vírus, sendo que os subtipos de Influenza em circulação diferem entre estações, países e mesmo regiões. Não é possível saber de antemão que tipo de vírus circulará durante a estação da gripe. Por isso, duas vezes por ano, a composição da vacina é revista “para assegurar a protecção adequada”.

Segundo a OMS “a vacinação é actualmente a intervenção mais eficaz para prevenir doença grave e reduzir o impacto da Influenza, tendo sido considerada custo-efectiva nos grupos prioritários”.

A vacinação contra a Influenza pode proteger as pessoas dos grupos de risco, ajudar a sustentar o sistema de saúde durante epidemias e pandemias de Influenza e fornecer uma base para a preparação e resposta às pandemias. Durante a pandemia de Influenza A(H1N1) de 2009 e a pandemia da doença por coronavírus de 2019 (Covid-19), os países que já tinham um programa de vacinação contra a influenza sazonal puderam utilizar a sua experiência e os sistemas desenvolvidos para a produção e administração anual da vacina para apoiar a introdução, distribuição e incorporação de vacinas contra as pandemias. OMS

Assim, no contexto da Estratégia Global contra a Influenza de 2019-2030, a OMS apoia os países no desenvolvimento e implementação de políticas nacionais de vacinação contra a gripe sazonal para profissionais de saúde e cuidadores, mulheres grávidas (em qualquer mês de gestação), crianças (entre os 6 meses e os 5 anos), idosos (acima de 65 anos), adultos com doenças crónicas e outras populações vulneráveis.

De acordo com a OMS, estes grupos de risco devem tomar a vacina contra a gripe anualmente, sendo que “a imunização é mais eficiente que antirretrovirais”. Este tipo de medicamento só funciona se ingerido nas primeiras 48 horas após surgirem os sintomas. É com a vacinação que “milhões de doenças e dezenas de milhares de hospitalizações associadas à gripe podem ser evitadas todos os anos”, conclui.

Ainda assim, lembra a OMS que alguns pacientes imunizados podem contrair a gripe, mas estudos comprovam que com a vacina, a doença é suavizada. A agência garante, ainda, que as vacinas "são testadas regularmente há mais de 60 anos e são seguras e eficientes”.

Reduzir o risco

A nível nacional, o Serviço Nacional de Saúde explica que as vacinas contra a gripe e contra a Covid-19 têm o objectivo de “reduzir o risco de doença grave, hospitalização e morte por infecção”.

A vacinação sazonal contra a gripe e a contra a COVID-19 é uma medida fundamental para proteger a saúde individual e coletciva, especialmente entre os grupos de risco, como idosos e pessoas com doenças crónicas. Estas vacinas reduzem significativamente a probabilidade de doença grave, hospitalização e morte. A sua administração anual é necessária devido à constante mutação dos vírus, que exige atualização das vacinas. A vacinação simultânea contra a gripe e a contra a COVID-19 é segura, eficaz e recomendada pelas autoridades de saúde. Proteger-se é também proteger os outros — vacinar-se é um ato de responsabilidade e solidariedade Direção-Geral da Saúde

Para além dos grupos de risco, o SNS recomenda a vacinação, também, a coabitantes e prestadores de cuidados de pessoas de alto risco que não possam ser vacinadas; coabitantes e prestadores de cuidados a crianças cuja idade não permita a vacinação (menos de 6 meses) e que tenham risco elevado de desenvolver complicações; e profissionais de infantários, creches e equiparados.

Portugal é um país com elevada taxa de cobertura vacinal contra a gripe. De acordo com a Direção-Geral da Saúde, no último ano ficámos perto da meta definida pela OMS, com 75% da população elegível com protecção contra a gripe. Porém, na última campanha, apenas metade das pessoas a quem era recomendado, tomaram a vacina contra a Covid-19. 

Novos grupos incluídos

Na Região, a Campanha de Vacinação Sazonal contra a Gripe e Covid-19 arrancou no passado dia 23 de Setembro, com algumas novidades. Em harmonia com o resto do País, alargaram-se os grupos elegíveis passando a ser abrangidos, também, os profissionais de risco da área da veterinária e pecuária, bem como crianças com idade igual ou superior a 6 meses e inferior a 24 meses.

Alinhada com as orientações nacionais e internacionais, a vacinação é fortemente recomendada e gratuita para vários grupos, nomeadamente pessoas com idade igual ou superior a 60 anos; pessoas com doença crónica; grávidas; profissionais da área da saúde, social, creches e serviços críticos; outros cuidadores e pessoas institucionalizadas.

De referir que, na campanha sazonal 2025/2026, foram excluídos da vacinação gratuita os cidadãos com idades entre os 50 e os 59 anos, passando a considerar, apenas, residente com 60 ou mais anos. Uma decisão que não impede que “ao longo desta campanha, de acordo com a disponibilidade de vacinas e com a situação epidemiológica, não haja alguma alteração”, segundo esclareceu a secretária regional de Saúde e Protecção Civil, Micaela Freitas, no arranque da campanha.

“Evidência” justifica recuo da Madeira nas idades da vacinação contra a gripe

Governo Regional dispensa 700 mil euros para vacinas da gripe e da covid-19. Secretária regional de Saúde garante que alteração nos grupos-alvo não se deve a poupança

Marco Livramento , 24 Setembro 2025 - 11:38

A Região dispõe de 49.500 vacinas contra a gripe e cerca de 18 mil vacinas contra a Covid-19, quantidades que poderão vir a ser reajustadas mediante a procura. O Governo Regional investiu cerca de 700 mil euros na aquisição das vacinas.

A vacinação sazonal deve ocorrer preferencialmente até ao Inverno, embora a campanha se prolongue até 30 de Abril de 2026. A administração das vacinas está a decorrer, de forma gratuita, em simultâneo nos Centros de Saúde da Região. Embora seja possível a vacinação com e sem agendamento prévio, é recomendado o agendamento.

Momento ideal de protecção

A farmacêutica Jéssica Silva é da opinião de que “as campanhas para a vacinação contra a gripe e a Covid-19 não são demais e reforçam a mensagem de que a imunidade de grupo evita complicações graves, em especial nas populações mais vulneráveis”. As farmácias são o local onde a população, não abrangida pela vacinação gratuita, pode deslocar-se para ser vacinada.

“Todos os anos, há quem tenha mais receio das vacinas do que das próprias doenças”, lamenta a farmacêutica, que lembra patologias como a varíola, a difteria ou o sarampo, responsáveis por milhares de mortes e sequelas graves em crianças e adultos, e que graças à vacinação foram erradicadas ou estão controladas, em muitos países. 

Não há dúvidas de que as vacinas são uma das medidas preventivas mais eficazes para evitar infeções graves, hospitalizações e mortes. É importante compreender que as vacinas não impedem necessariamente a infeção, mas ajudam a prevenir complicações graves que podem colocar a vida em risco. Todos os anos, a vacina da gripe é adaptada para proteger contra as estirpes em circulação de cada ano. Jéssica Silva, farmacêutica