Número de mortos em ataque rebelde no Sudão sobe para 60
Um novo balanço do ataque com drones contra um centro de deslocados subiu hoje de 30 para 60 pessoas em al-Fashir, uma cidade sitiada no Darfur, no oeste do Sudão, anunciou uma organização local.
30 mortos em ataque com drones de rebeldes no Sudão
Um ataque com drones contra um centro de deslocados matou hoje pelo menos 30 pessoas em al-Fashir, uma cidade sitiada no Darfur, no oeste do Sudão, anunciou uma organização local.
Segundo a Coordenação dos Comités de Resistência, um grupo civil que documenta as atrocidades do conflito, paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla inglesa), em guerra com o exército, realizaram um ataque com drones ao centro de deslocados de Dar al-Arqam, localizado numa universidade.
Segundo a instituição, as RSF realizaram dois ataques com drones e dispararam oito projéteis contra o centro de deslocados de Dar al-Arqam, localizado em uma universidade, matando 60 pessoas.
Os corpos permaneceram presos em abrigos subterrâneos, acrescentou a mesma fonte num comunicado, em que descreve o ataque como um "massacre".
"Crianças, mulheres e idosos foram mortos a sangue-frio e muitos deles ficaram completamente carbonizados", acrescenta o texto, lamentando que "o mundo permaneça em silêncio".
Sexta-feira, em Genebra, o Alto-Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, denunciou os recentes massacres de dezenas de civis na cidade de al-Fashir, incluindo execuções sumárias de caráter étnico.
"Apesar dos repetidos apelos, incluindo os meus, exigindo proteção especial aos civis, eles [os paramilitares das FAR] continuam a matar, ferir e deslocar civis, bem como a atacar bens civis, incluindo abrigos para deslocados internos, hospitais e mesquitas, em total desrespeito pelo direito internacional", alertou Turk, acrescentando que o conflito "tem de parar".
As RSF, em guerra desde abril de 2023 contra o exército sudanês, estão atualmente a conduzir uma ofensiva feroz contra al-Fashir, a última cidade da vasta região ocidental de Darfur ainda sob o controlo do exército regular.
A atual ofensiva das RSF contra a cidade estratégica é a mais violenta desde o início da guerra com o exército.
Turk exortou os países próximos dos beligerantes sudaneses a "tomarem medidas urgentes para proteger os civis e impedir novas atrocidades em al-Fashir e em todo o Darfur".
O comissário apelou também a todas as partes envolvidas no conflito para que aprendam com a condenação, esta semana, pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), de um líder miliciano sudanês por crimes de guerra e crimes contra a humanidade cometidos há mais de 20 anos.
Turk, após o veredicto proferido na segunda-feira pelo TPI contra Ali Muhammad Ali Abd-Al-Rahman, declarou que este deveria servir como "um novo lembrete aos autores dos crimes de hoje de que não pode haver impunidade para crimes em grande escala cometidos contra civis".
A guerra, iniciada em 15 de abril de 2023, já matou dezenas de milhares de pessoas e deslocou mais de 14 milhões, dentro e fora das fronteiras.
O conflito mergulhou o terceiro maior país de África na "pior crise humanitária do mundo", segundo a ONU. Todas as tentativas de diálogo fracassaram até agora.