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Madeira

Doentes no RG3 já começaram os tratamentos

O grupo vindo do hospital de Ponta Delgada nos Açores tem entre 23 e 76 anos

O grupo chegou por volta das 5 horas da manhã.
O grupo chegou por volta das 5 horas da manhã., Foto DR

Os 32 doentes renais e os quatro enfermeiros e os dois auxiliares deslocadas do Hospital do Divino Espírito Santo em Ponta Delgada estão alojados numa das companhias do Regimento de Guarnição N.º3 (RG3), um espaço habitualmente usado por militares que nesta fase estava desocupado e ao qual a comunicação social não teve acesso. Chegaram hoje por volta das 5 horas da manhã à unidade militar e lá vão permanecer por tempo indeterminado. 19 deles já foram esta manhã fazer a sessão de hemodiálise na clícia Nephrocare em Machico.

A operação de apoio decorre do incêndio que começou no sábado pela manhã no hospital açoriano e que levou à retirada dos cerca de 300 doentes que lá estavam internados, tendo parte deles sido transportados para a Madeira. Além deste grupo, foram encaminhados ainda para o Hospital Dr. Nélio Mendonça outros 23 doentes renais a necessitar de internamento, um paciente de cuidados intensivos e duas grávidas de risco.

A operação de entreajuda está a envolver os dois Governos regionais, na Madeira através da Secretaria Regional da Saúde, o Exército e a Nefrocare, que vai assegurar a hemodiálise aos 32 doentes que não estão hospitalizados e que precisam de fazer regulamente o tratamento, são três a quatro sessões semanais. Hoje pelas 8 horas já 19 pacientes foram transportados para receber tratamento, à tarde estava previsto o transporte dos restantes.

O grupo de doentes que está no RG3 tem entre 23 e 76 anos. “São pessoas activas, independentes que precisam de fazer diálise e o seu tratamento está a ser assegurado”, adiantou o enfermeiro Pedro Temtem, que acompanhou os doentes durante a noite no quartel. Os doentes chegaram à Madeira com um ligeiro atraso devido a uma avaria no avião. “O transporte decorreu sem complicações maiores, chegaram cansados, mas chegaram bem”, relatou. Esta manhã, continuou, saíram satisfeitos, com “um certo alívio”, uma vez que já estão a ser tratados.

A operação mobilizou várias entidades. A Zona Militar da Madeira já foi a resposta de acolhimento em outras situações de emergência. No entanto é a primeira vez o coronel João Bernardino acolhe civis numa situação deste género. Como diferenças, destaca a condição mais frágil destas pessoas, sendo que neste caso como são doentes renais, não é o quartel a garantir as refeições, mas o Hospital Dr. Nélio Mendonça.

“Nós adaptámo-nos para aquilo que nos foi solicitado, preparámos as instalações e cedemos as instalações para as pessoas terem o seu local de descanso, poderem tomar as suas refeições”, frisou.

Quanto tempo vão ficar e quem vai pagar a factura são questões para já sem resposta, sendo que o DIÁRIO sabe que do acolhimento anterior, motivado pela depressão Óscar, ainda estão cerca de 15 mil euros por saldar.

João Bernardino explica que o Plano de Contingência foi activado, os meios mobilizados para responder num curto espaço de tempo à solicitação. “A experiência de outras situações passadas faz com que nós possamos ter um plano sempre orientado para fazer face a estas situações”, revelou. E foi o caso. “Houve militares que foram chamados de acordo com as suas competências e especificidades e de acordo com aquilo que nos foi solicitado para num curto espaço de tempo fazer face e podermos responder a tempo às solicitações que o Governo da Região Autónoma da Madeira fez”.

Sobre a questão se não poderia este apoio ser prestado por unidades militares nos Açores, o Comandante do RG3 não especula. “É uma resposta que nos ultrapassa. Nós cumprimos as ordens que nos dão, é a nossa missão, estamos sempre disponíveis para fazer face às situações inconstantes. (…) Nós não questionamos, nós executamos. Fazer acontecer é a nossa frase”.

À Zona Militar da Madeira o pedido chegou através do Governo Regional da Madeira, sem uma indicação, uma estimativa de permanência no quartel. “Da nossa parte estarão o tempo que for necessário até haver condições das pessoas se irem embora”, assegurou. “Da nossa parte não há nenhum impedimento. E nós estaremos sempre disponíveis pelo tempo necessário”, frisou o Coronel.

Segundo João Bernardino, o objectivo foi oferecer a estes doentes deslocados um local calmo, estabilidade e descanso, tendo sido pedido um local para as pessoas poderem estar, pernoitar e poderem tomar as suas refeições.

Já em termos operacionais, a acomodação das 38 pessoas obriga a ajustes. “Continua a ser uma unidade militar, portanto a segurança é sempre um dos nossos aspectos mais importantes”, recordou o comandante do RG3.

Entre os desafios está a entrada e saída constante de viaturas do quartel, os doentes são transportados para as sessões de hemodiálise em transporte garantido pelas entidades madeirenses. É preciso criar e controlar os acessos, os corredores de mobilidade e os locais onde as viaturas vão recolher e deixar os pacientes.

As duas clínicas Nephrocare estão convencionadas pelo Serviço Regional de Saúde para a realização da hemodiálise aos doentes renais na Madeira, asseguram o tratamento a grande maioria dos doentes renais madeirenses. O enfermeiro chefe da clínica Nephrocare no Funchal garante que as duas unidades, a do Funchal e a de Machico, têm capacidade para responder a mais estes pacientes. “Nós temos capacidade para acolher mais doentes, não interfere com a nossa logística habitual”, respondeu Ezequiel Domingos, reforçando que será tudo igual. “É uma questão de horários. Nós temos instalações e disponibilidade de vagas para tratar estes doentes”.

O número de sessões será sempre de acordo com a indicação médica, mas o grupo que está no RG3 tem asseguradas as mesmas sessões que tinha nos Açores, tranquilizou.