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UE quer alargar sanções ao Irão para incluir mísseis

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A União Europeia está a ponderar expandir as sanções contra o Irão para incluir os mísseis que Teerão venha a disponibilizar à Rússia e a agentes sob influência iraniana no Médio Oriente, anunciou hoje o chefe da diplomacia europeia.

O anúncio do Alto Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Josep Borrell, foi feito em conferência de imprensa, no final de uma reunião ministerial por videoconferência, convocada de urgência na véspera de um Conselho Europeu, agendado para quarta e quinta-feira em Bruxelas.

Borrell referiu que durante a reunião foi proposta a expansão do regime de sanções contra o Irão, que já existe por causa da disponibilização de 'drones' (aeronaves sem tripulação) à Rússia, e incluir os mísseis que Teerão eventualmente venda a Moscovo e a "'proxies' na região", em particular milícias que têm ligações ao Governo iraniano.

O Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros alertou, contudo, que até hoje não há evidências de que Teerão esteja a fornecer mísseis a Moscovo, mas as sanções podem "incluir já essa possibilidade".

O objetivo deste alargamento das sanções é "expandir a dimensão regional" das restrições contra Teerão, tentando desta maneira coartar a ação iraniana no Médio Oriente, explicou o chefe da diplomacia europeia.

Josep Borrell revelou que alguns Estados-membros, sem especificar, também "pediram sanções contra a Guarda Revolucionária Iraniana [ramo das forças armadas iranianas criado após a Revolução Islâmica de 1979]", mas o Alto Representante explicou que não é possível porque o regime de sanções tem de estar associado a atividades terroristas, insistindo que só com provas de atividades terroristas é que a UE pode considerar a aplicação de restrições.

Na mesma conferência de imprensa, e após o ataque conduzido por Teerão contra Telavive no passado fim de semana, Josep Borrell considerou que os países no Médio Oriente, nomeadamente o Irão e Israel, estão "de frente para um abismo".

"Precisamos de nos afastar do abismo (...), a região não precisa disso, o mundo não precisa disso, as pessoas em Gaza não precisam disso, o sofrimento delas só vai continuar a aumentar", advertiu o chefe da diplomacia europeia.

O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros de Espanha referiu que a população palestiniana retida na Faixa de Gaza e que desde outubro de 2023 é fustigada por bombardeamentos israelitas "não pode ser esquecida".

O Irão lançou na noite de sábado e madrugada de domingo um ataque contra Israel, com recurso a mais de 300 'drones', mísseis de cruzeiro e balísticos, a maioria intercetados, segundo o Exército israelita.

Teerão justificou o ataque com uma medida de autodefesa, argumentando que a ação militar foi uma resposta "à agressão do regime sionista" contra as instalações diplomáticas iranianas em Damasco (Síria), ocorrida a 01 de abril e marcada pela morte de sete membros da Guarda Revolucionária e seis cidadãos sírios.

A comunidade internacional ocidental condenou veementemente o ataque do Irão a Israel, apelando à máxima contenção, de forma a evitar uma escalada da violência no Médio Oriente, região já fortemente instável devido à guerra em curso há mais de seis meses entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas na Faixa de Gaza.