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Madeira

Há risco dos protestos "fugirem à normalidade e da alçada dos sindicatos"

Adelino Camacho, responsável da ASPP-PSP na Madeira, vê com preocupação a não resposta do Governo às reivindicações dos agentes

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O protesto dos agentes de polícia escalou de forma pouco usual e com impacto, em comparação (mas muito mais gravosa na altura), há mais de 30 anos, desta feita com a não comparência de agentes da autoridade nos estádios de futebol, depois de há cerca de um mês terem começado por comparecer nas bancadas entoando o Hino Nacional. Agora, com recurso a baixas médicas, a ausência de elementos suficientes já fez adiar dois jogos de futebol. Contudo, a situação continua por resolver e teme-se que escale para outros níveis caso o Ministério da Administração Interna não chegue a acordo com a plataforma sindical, que junta 6 da PSP e 4 da GNR.

Adelino Camacho, coordenador regional da Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP-PSP), apela a que sejam encontradas soluções para a justa reivindicação das forças de segurança, porque "o que aconteceu ontem (em Famalicão, onde a equipa jogaria com o Sporting, adeptos das duas equipas envolveram-se em cenas de pancadaria) infelizmente aconteceu o que já temíamos e temos algum receio que isto saia da caixa, ou seja saia da alçada dos sindicatos", alerta.

E explica: "O importante é atribuir a responsabilidade a quem é devida, nomeadamente à tutela que, com este silêncio, ninguém consegue perceber. Mais lamentável é o comunicado  da Liga de Clubes que apenas censuram a actuação da polícia, ou seja a policia é que é o bode expiatório pelos actos desordeiros à volta dos estádios. Na verdade, é que foi a PSP, mesmo sem ter muitos elementos no local, é que soube acabar com os desacatos e repondo a ordem pública. Isso é confirmado pelas imagens das televisões, em que se vêm pelo menos três carrinhas da brigada de Intervenção, que foram suficientes para pôr fim aos desacatos. Lamento, infelizmente, as vítimas de uma situação que acontece no futebol."

Por isso, Adelino Camacho, pede que "o Estado faça alguma coisa, com urgência, que nos dêem alguma garantia, porque este silêncio também é perigoso" e, adverte, "começa a incomodar os polícias e nós temos algum receio que isto saia fora da caixa, ou seja fora da alçada da plataforma sindical que existe hoje em dia, que junta os maiores sindicatos das forças de segurança, que têm capacidade de mobilização e negocial para falar com a tutela. A verdade é que estamos há 30 dias em protesto e é preciso que nos dêem algumas garantias para acalmar a polícia. Se havia dúvidas, fica agora comprovado que somos um pilar fundamental do Estado e merece a maior atenção da tutela".

Para o responsável, o comunicado emitido ontem pela plataforma sindical, dirigido à tutela, "alertou para a perigosidade do que pode vir a acontecer devido ao silêncio ensurdecedor que se faz" perante os protestos dos polícias. Recorda que os agricultores que "reclamaram, e bem, mas acho que chegou a altura do Estado se chegar à frente e nos dar uma garantia para que também possamos fazer aquilo para o qual estamos formatados, ou seja manter a segurança do País, como sempre fizemos e de forma exemplar", sugere, recordando que o papel das forças de segurança é "proteger o estado democrático", esperando "nós que as coisas voltem urgentemente à normalidade. Só queremos trabalhar, que a tutela olhe para nós com olhos de ver e resolva esta desigualdade e disparidade salarial entre as polícias que não pode existir. Há um principio de equidade que tem de existir, porque se não houver bom senso as coisas podem fugir à normalidade e da alçada dos sindicatos".

Há 3 dias, antes da realização desta nova forma de protesto, num artigo de opinião que pode ler em baixo, Adelino Camacho já havia alertado para a necessidade de o próximo governo, "obrigatoriamente, rever urgentemente a revisão das tabelas remuneratórias e no valor do suplemento das forças de segurança e risco, aumentando o vencimento dos polícias", entre outras reivindicações, além de salientar a união entre uma dezena de sindicatos da PSP e da GNR, acreditando que esta é "uma aliança" que "reflete uma mudança no paradigma sindical, onde a solidariedade entre diferentes forças de segurança está a ganhar terreno sobre as rivalidades históricas".

A nova geringonça sindical nas Polícias

Num país onde as forças de segurança desempenham um papel crucial na manutenção da ordem e na segurança dos cidadãos, é hora de reconhecer a importância de fortalecer e apoiar a Polícia de Segurança Pública (PSP) e a Guarda Nacional Republicana (GNR) em Portugal. É tempo de o Estado dar um passo à frente, assumindo um compromisso mais robusto para com aqueles que diariamente arriscam as suas vidas para proteger os cidadãos portugueses e os estrangeiros que nos visitam.

O jogo desta tarde entre o Marítimo e o Benfica B, para a 20.ª jornada da II Liga, tem condições de realização, mas cerca de duas horas antes ainda não se sabia se os 30 elementos necessários iriam comparecer ou se optariam pela mesma solução dos colegas no Continente que, ontem, levaram ao cancelamento do jogo Famalicão - Sporting e, já hoje, do Leixões - Nacional. O jogo decorre a partir das 14 horas.

Ontem, tal como hoje, os agentes da PSP recorreram à baixa médica para não marcarem presença no serviço de policiamento necessário à segurança da competição. Adelino Camacho não tinha qualquer indicação de que pudesse haver uma ausência ao plano de segurança estabelecido, que implica 30 elementos de serviço no Estádio do Marítimo.