DNOTICIAS.PT
Madeira

Papa demite Frederico Cunha do estado clerical

Condenado a 13 anos de cadeia em 1993 está em parte incerta

Uma das sessões do julgamento, em Santa Cruz. Ver Galeria
Uma das sessões do julgamento, em Santa Cruz.

O Papa Francisco decretou a demissão do estado clerical de Frederico Marcos da Cunha. A decisão, tomada a 16 de Fevereiro, é agora publicitada no site da Diocese do Funchal, também por ordem dos serviços da Santa Sé.

Este foi o desfecho do processo desencadeado pela Diocese do Funchal que solicitou ao Dicastério para a Doutrina da Fé instruções sobre como proceder no caso do ex-sacerdote brasileiro, condenado em Março de 1993 a 13 anos de prisão pelo crime de homicídio e homossexualidade com menor, com subsquente pena de expulsão do país.

Em comunicado, a Diocese do Funchal revela que "apesar de há muitos anos o seu nome não constar do elenco dos sacerdotes da Diocese nem exercer nela qualquer ministério, de facto nunca tinha existido qualquer processo canónico a propósito dos actos de que era acusado".

Depois de D. Nuno Brás ter enviado o pedido para a Santa Sé, foram remetidas, em Setembro do ano passado, aclarações sobre o caso que gerou forte polémica na Madeira e junto da Igreja na década de 1990.

O Papa Francisco levou cinco meses a decidir pela demissão de Frederico Cunha e o dispensar das "obrigações de celibato".

A decisão acontece quase 31 anos depois do Tribunal de Santa Cruz ter condenado o sacerdote pela morte de Luís Miguel.

O padre, que foi ordenado pelo actual bispo emérito D. Teodoro de Faria, chegando mesmo a ser seu secretário pessoal, fugiu do Estabelecimento Prisional de Vale dos Judeus, a norte de Lisboa, em 1998, aproveitando uma saída precária.

Frederico Cunha, actualmente com 73 anos de idade, terá viajado para o Brasil e é lá que deve residir, segundo as informações mais recentes. Nunca assumiu a culpa da pena pela qual foi condenado.

Pelo que se conclui do comunicado emitido hoje pela Diocese do Funchal nenhum bispo anterior se interessou por esclarecer a situação clerical do ex-padre, cuja acção pastoral na Madeira foi sempre muito polémica e comentada. Nem D. Teodoro de Faria nem D. António Carrilho quiseram esclarecer junto do Vaticano o estado clerical do antigo sacerdote. Nenhum  abriu qualquer processo canónico, algo que impedisse Frederico Marcos da Cunha de voltar a exercer funções sacerdotais.

Mais de três décadas depois a Igreja arruma em definitivo o caso.

DIÁRIO entrevista Frederico na cadeia

O DIÁRIO foi o primeiro órgão de comunicação social a entrevistar Frederico Cunha na cadeia.

A entrevista decorreu numa sala do Estabelecimento Prisional de Vale dos Judeus, considerado de alta segurança, a 22 de Março de 1995.

Entretanto a pena terá já prescrito, podendo regressar a Portugal se assim entender.