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Madeira

Reconstituição do ‘crime do padre Frederico' foi feita há 31 anos

Recorde connosco a edição de 20 de Fevereiro de 1993

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Foi a 19 de Fevereiro de 1993 que o padre Frederico Cunha se dirigiu ao Caniçal, ao miradouro Marconi, para a reconstituição do crime que vitimou Luís Miguel. Na edição de 20 de Fevereiro o DIÁRIO relatava aquilo que parecia ter sido um verdadeiro “arraial” dada a quantidade de pessoas que se deslocou ao local para assistir a esta diligência no processo de julgamento do sacerdote.

 O padre afirmava que, a 1 de Maio, dia do crime, tinha estado naquele local na companhia do seu afilhado, Miguel Noite. O jovem confirmava esta versão, mas as testemunhas não. Duas mulheres que se encontravam no local nessa data, davam conta de que tinha visto um homem vestido de padre, num Volkswagen ‘carocha’, acompanhado de um jovem de cabelo encaracolado, o que não correspondia à descrição física do afilhado.

O primeiro local de paragem foi junto à Capela de Nossa Senhora da Piedade, seguindo depois para a Baía D’Abra, e então para o local de onde teria caído a vítima. O carro do sacerdote foi colocado no local onde as testemunhas o diziam ter visto, mas Frederico Cunha continuava a afirmar que tudo aquilo não passava de uma farsa e que nada tinha acontecido como diziam ter sido. Ao lado deste Volkswagen foi colocado o Fiat Uno de uma das testemunhas, que terá parado ao lado do primeiro veículo. A posição dos carros serviu para confirmar que era percetível quem estava no interior dos mesmos.

Os populares foram escutando as explicações que iam sendo dadas e muitos disseram que era impossível o jovem ter caído do local indicado, ficando apenas com algumas mazelas, mesmo que estas lhe tenham provocado a morte. “Em tempos morreu uma vaca e atiraram-na daqui. Chegou lá abaixo aos bocados”, relatava um popular.

Esta reconstituição decorreu na parte da manhã, mas há tarde houve nova sessão no Tribunal de Santa Cruz. Dessa feita foi a vez de Alves Mota, inspector da Polícia Judiciária, prestar depoimentos.

Antes, um dos amigos da vítima, Paulo Roberto, disse ao tribunal aquilo que já se sabia: que Luís Miguel tinha dito aos amigos que ia a pé até Machico, onde residia a avó. Os colegas ficaram à espera de um autocarro rumo ao Funchal e nada mais souberam do jovem.

Os dois arguidos, Frederico Cunha e Miguel Noite, afirmavam que apenas tinham tido conhecimento da morte de Luís Miguel através do DIÁRIO de Notícias, que noticiava o caso na edição de 3 de Maio de 1992.