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Navio-ambulância de resgate imobilizado por 20 dias em Itália

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As autoridades italianas imobilizaram por 20 dias o navio-ambulância "Ocean Viking", da organização não-governamental SOS Méditerranée e que resgata migrantes em perigo no mar.

Segundo a organização baseada em Marselha (Sudeste de França), a embarcação foi imobilizada sob a acusação de "não ter respeitado a instrução de se deslocar sem demora, a toda a velocidade e em rota direta para o local seguro" que lhe havia sido indicado, no caso o porto de Bari, no Sudeste de Itália.

Esta é a segunda vez em dois meses que o "Ocean Viking" fica impedido de prestar assistência humanitária no mar, "em resultado de uma lei inútil, arbitrária e discriminatória", denuncia a SOS Méditerranée, em comunicado.

Na vez anterior, as autoridades italianas aplicaram ainda uma multa de 3.300 euros.

Em três operações realizadas na quarta-feira, o navio socorreu 244 migrantes ao largo da Líbia, entre os quais oito mulheres, duas delas grávidas, 18 menores não acompanhados e quatro crianças com menos de quatro anos.

Quando hoje se dirigia para o porto de Bari -- onde agora ficará imobilizado --, o navio recebeu um novo alerta, envolvendo 70 pessoas a bordo de uma embarcação a uma centena quilómetros de distância, pelo que fez um desvio "menor" na rota.

Porém, a organização garante que o "Ocean Viking" não estava em condições de lhes prestar assistência e "retomou imediatamente a sua trajetória" em direção ao porto de Bari.

Os migrantes em causa não puderam ser socorridos, lamentou a organização, em declarações à AFP, sem conseguir adiantar se foram salvos.

Segundo a Organização Internacional para as Migrações, 2.678 migrantes foram dados como desaparecidos neste ano, depois de tentarem fazer a perigosa travessia do Mediterrâneo.

Um total de 155.754 migrantes desembarcaram, em 2023, nas costas de Itália, através da rota do Mediterrâneo, 33 por cento mais do que no ano anterior.

Segundo os últimos dados do Ministério do Interior italiano, contabilizados até 29 de dezembro, a Guiné-Conacri lidera a tabela da origem dos migrantes, com 18.204 cidadãos.

Seguem-se Tunísia (17.304), Costa do Marfim (16.004), Bangladesh (12.169), Egito (11.071), Síria (9.516), Burkina Faso (8.412), Paquistão (7.642), Mali (5.904) e Sudão (5.830).