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A PSP e a GNR não podem ser esquecidas pelo Estado

Meu caro amigo leitor, à medida que o ano de 2023 acaba, é o momento oportuno para lançarmos um olhar retrospetivo sobre os últimos doze meses, marcados por uma sequência de eventos que moldaram o mundo em que vivemos, desde a crise climática até as tensões geopolíticas, terminando em conflitos bélicos. Ao despedirmo-nos de 2023, é pertinente fazer uma análise ponderada da atuação da PSP, a maior e mais importante força de segurança em Portugal, ao longo deste ano.

Vale ressaltar, que a PSP enfrentou desafios significativos, que exigiram uma resposta firme e eficaz dos seus profissionais. Desde questões relacionadas com a segurança pública em eventos de grande escala até ao combate de crimes complexos, os desafios foram diversos e multifacetados, colocou à prova a nossa capacidade em lidar com a tensão social, garantindo simultaneamente o exercício do direito aos nossos concidadãos.  Ao olharmos para trás, o evento mais importante ocorrido nas forças e serviços de segurança em Portugal no último ano foi, acima de tudo, dominado pela atribuição de um suplemento de missão para a Polícia Judiciária (PJ), já promulgado, em detrimento da PSP e da GNR, que não foram abrangidos pela medida, levanta questões sobre a equidade salarial entre as diferentes instituições policiais, deixando nos profissionais um amargo sabor de desamparo. Em primeiro lugar, é importante destacar que todas as forças de segurança desempenham papéis cruciais na manutenção da ordem e segurança pública. Desde a PSP, que zela pela segurança nas áreas urbanas, até à GNR, que desempenha um papel vital nas zonas rurais, cada uma destas instituições contribui para a estabilidade do país de maneiras distintas. Em segundo lugar, ao conceder um aumento salarial exclusivamente para a PJ, o Estado está a enviar uma mensagem prejudicial aos profissionais da PSP e da GNR. Estes últimos, muitas vezes enfrentando condições desafiantes e arriscadas, merecem ser reconhecidos e recompensados de maneira justa. Mais, a desigualdade salarial cria uma divisão desnecessária entre diferentes setores da aplicação da lei, minando a coesão e a colaboração essenciais para o bom funcionamento do sistema de segurança interna. Em terceiro lugar, a falta de um aumento salarial equitativo pode prejudicar a motivação e o empenho dos profissionais da PSP e da GNR, podendo corroer a moral e prejudicar o desempenho geral. Ao sentirmo-nos desvalorizados em relação aos colegas da PJ pode resultar em descontentamento e desmoralização, fatores que têm o potencial de comprometer a eficácia geral das forças de segurança. Além disso, a desigualdade salarial pode ter implicações práticas na capacidade de recrutamento em futuros concursos públicos. Se os profissionais da PSP e da GNR perceberem que a sua dedicação não é reconhecida de maneira justa, podem ficar tentados a procurar oportunidades noutras áreas ou, pior ainda, abandonar as forças de segurança. Isso não só comprometeria a segurança pública, mas também aprofundaria a lacuna entre as diferentes forças e serviços. A partir daqui, é importante observar que a PSP e a GNR não nutrem sentimentos adversos em relação à PJ, compreendendo que todas estas instituições são essenciais e merecedoras de proteção por parte do Estado.  Por isso, nós polícias, não estamos contra a PJ ou contra a medida em si, porque nós valorizamos os rendimentos de todos os profissionais envolvidos na segurança interna. Logo, não é isso que está em causa, mas pela forma desigual de tratamento entre instituições, onde a equidade salarial é um princípio fundamental que sustenta a motivação e a eficácia dos profissionais em qualquer setor.  É imperativo que o Estado reavalie a sua abordagem à questão salarial na PSP e na GNR. De resto, devemos questionar e desafiar a indiferença institucional, garantindo que a coragem e o sacrifício daqueles que servem à segurança pública não se percam nas sombras do esquecimento, pois o aumento salarial deve ser distribuído de forma justa, reconhecendo o papel vital desempenhado por todas as instituições na proteção dos cidadãos e na manutenção da pax publicae.