Regionais 2023 Madeira

Região tem evoluído mas deve travar saída de jovens

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Foto Arquivo/ Hélder Santos/ ASPRESS

A Madeira tem evoluído muito, mas precisa aprofundar uma estratégia para combater a "debandada" de jovens devido aos problemas de falta de habitação e baixos salários, disse o presidente da Associação Académica da universidade da região.

"A Madeira continua a evoluir a cada ano que passa. Muitos pensam que pode estar a estagnar, mas continuamos a evoluir e, a médio prazo, queremos que essa evolução seja exponencial para no futuro não sermos prejudicados, mas sim beneficiados, pela nossa insularidade e ultraperiferia", referiu Ricardo Bonifácio à agência Lusa.

Numa leitura ao estado do arquipélago no final da legislatura, com eleições regionais marcadas para 24 de setembro, o dirigente associativo considerou que a Madeira tem conseguido "instalar-se como uma força em vários aspetos a nível nacional" e deu como exemplos o turismo, a investigação na área marítima e algumas atividades agrícolas.

"Se agora estamos a evoluir, daqui a uns anos esperamos ser um grande peso a nível nacional e corresponder às perspetivas das pessoas", sublinhou.

Por outro lado, acrescentou, a região "deve investir mais na gestão empresarial na área da Engenharia e nas instituições de ensino públicas".

"É também importante continuar a discutir aquilo que é a educação, que abrange a questão do alojamento, acesso, situações financeiras, redução progressiva até à eliminação das propinas, além de temas como a saúde mental, investigação, empregabilidade", reforçou.

O representante da Associação Académica da Universidade da Madeira destacou como um dos problemas atuais a saída de jovens, sobretudo os mais qualificados, devido à falta de oportunidades de emprego -- com exceção dos licenciados em Engenharia, que são rapidamente absorvidos pelo mercado de trabalho - e aos baixos salários praticados em Portugal.

No seu entender, "a estratégia dos governos ainda não é suficiente para fixar estas pessoas no país", onde também falta habitação a preços dignos.

O cenário, indicou, é agravado pela entrada dos nómadas digitais, que têm maior capacidade financeira e mobilidade.

Ricardo Bonifácio destacou que a universidade regional demonstra "uma capacidade de oferta formativa adequada à Madeira". Tem vindo a receber mais alunos e a "implementar-se como grande polo de qualidade de ensino e investigação a nível regional e nacional", formando profissionais que podem assumir cargos de relevo no arquipélago e reforçar todas as áreas laborais, "para poder melhorar o futuro".

Mas, observou, "não é segredo para ninguém que é uma das mais bolseiras do país": muitos estudantes acabam por não se matricular por limitações financeiras ou deixam o curso.

Embora o financiamento da universidade seja um dever do Estado, sublinhou, o Governo Regional tem dado muito apoio à academia, através da contratualização de fundos, da alocução de recursos humanos e da reabilitação de residências, "mas as ajudas nunca são suficientes".

Já sobre a segurança, Ricardo Bonifácio referiu que "o trabalho tem sido feito corretamente na Madeira", ou seja, "está cada vez mais segura também para os jovens e estudantes", porque se apostou num reforço de patrulhamento diurno e noturno e também se registou uma alteração de mentalidades.

O problema do consumo de droga -- que se tem agravado com o aumento da circulação de drogas sintéticas na região -- deve ser trabalhado num contexto de curto, médio e longo prazo, indicou, realçando a importância das ações de sensibilização.

Em vésperas de campanha eleitoral, o representante defendeu que "a juventude, no futuro, tem que apostar mais na sua participação cívica", mesmo que esse percurso comece numa estrutura partidária: "São eles [os jovens] que vão liderar no futuro e têm a capacidade de mudá-lo".

Para as eleições de 24 de setembro o Tribunal do Funchal validou 13 candidaturas, correspondentes a duas coligações e outros 11 partidos.

O arquipélago é atualmente gerido por uma coligação PSD/CDS-PP, estando ainda representados no parlamento regional o PS, o JPP e o PCP.