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Partido Conservador arrisca derrota nas eleições autárquicas em Inglaterra

Foto EPA/CHRIS RATCLIFFE/POOL
Foto EPA/CHRIS RATCLIFFE/POOL

O Partido Conservador arrisca uma derrota significativa nas eleições autárquicas de quinta-feira, quando 230 autoridades locais em Inglaterra vão a votos, a maioria atualmente dominada pelos 'tories'.

As sondagens dos últimos meses têm mostrado consistentemente o partido do Governo com uma desvantagem de cerca de 20 pontos percentuais relativamente ao Partido Trabalhista, a principal força da oposição. 

"O contexto destas eleições locais, de uma perspetiva nacional, é de um governo Conservador muito impopular, e é provável que isso se reflita, em certa medida", afirmou a professora de ciência política da universidade London School of Economics (LSE), Sara Hobolt.

As eleições locais realizam-se apenas em Inglaterra e vão escolher mais de 8.000 autarcas. 

As eleições locais da Irlanda do Norte foram adiadas por duas semanas, para 18 de maio, para evitar que a complexa contagem dos boletins na província, que usa o sistema de voto único transferível, afetasse as celebrações da coroação do Rei Carlos III no fim-de-semana. 

Os Conservadores do primeiro-ministro Rishi Sunak têm mais a perder, pois controlam 85 autarquias e ocupam cerca de 3.350 dos lugares de vereadores, 42% do total em disputa.

O presidente dos Conservadores, Greg Hands, reconheceu, em declarações à estação Sky News, existirem estimativas de que os 'tories' poderão perder mais de 1.000 autarcas. 

Porém, alguns no partido estão com esperança que a recuperação nos índices de popularidade desde o tombo registado no período de Liz Truss limite as perdas. 

"Tudo o que não for mau para os Conservadores será visto como um sinal positivo para Sunak neste primeiro teste eleitoral", admitiu Hobolt, durante um encontro com jornalistas. 

A académica da LSE afirma que estas eleições autárquicas também são um teste para o Partido Trabalhista, que precisa de um resultado categórico para mostrar que está no caminho para uma vitória nas próximas legislativas, previstas para 2024. 

"Os Trabalhistas têm uma grande vantagem nas sondagens, mas penso que não se deve tanto ao facto de os eleitores estarem muito entusiasmados com as propostas deles, mas sim por estarem cansados do governo Conservador", explicou.

Os Liberais Democratas, que têm o controlo de 16 autoridades locais e defendem 1.220 assentos, também vão tentar aproveitar a impopularidade do Executivo para fazer avanços. 

Os restantes 1.340 lugares estão distribuídos por independentes ou vereadores de pequenos partidos. 

País de Gales, Escócia e a área metropolitana de Londres realizaram os respetivos escrutínios em 2022, pelo que não estão incluídos nesta ronda de votações. 

Inglaterra possui vários tipos de autoridades locais com diferentes graus de responsabilidades sobre educação, transportes, apoio social, segurança, recolha do lixo, planeamento urbano, habitação social, espaços verdes, bibliotecas ou parques infantis. 

Os autarcas são eleitos por mandatos de quatro anos usando o sistema de maioria simples, podendo votar, além de britânicos, cidadãos de países da Commonwealth. 

Os europeus com estatuto de residente obtido antes do Brexit têm o direito a votar e participar nas eleições autárquicas no Reino Unido. 

Para aqueles que chegaram depois de junho de 2021, só portugueses, espanhóis, luxemburgueses e polacos estão autorizados, graças a acordos bilaterais.

Este ano, as eleições têm como novidade a obrigatoriedade de os eleitores apresentarem um documento de identificação, na sequência de uma alteração à lei eleitoral no ano passado. 

A lista de documentos é extensa e inclui passaporte, carta de condução a passe de transportes públicos, mas os eleitores podem pedir um certificado ou documento especial para o efeito.