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O PCEC

Desde 2017 que a ANAC devia ter revisto os limites de vento, estabelecidos ainda no século passado

Se calhar acharão que vou andar excessivamente para trás no tempo mas não sei como explicar este meu ponto de vista de outra forma.

Em 2010, na sequência do temporal que assolou a nossa ilha, entendeu-se adequado varrer o lixo para a porta de casa e, já agora, toca de construir uma praça e um cais novo, cais esse que agora serve de argumento para se gastarem centenas de milhões de euros na extensão do molhe da Pontinha.

Já ninguém quer saber que aquela não foi uma construção planeada e toca de corrigir um erro com outro erro, como se o primeiro não fosse já suficiente, numa lógica de PCEC que, diga-se, há muito tinha começado e que agora, independentemente dos pífios resultados de certas comissões de inquérito regionais, até já se admitem…

Desde 2017 que sentimos com muita frequência os constrangimentos causados pelos ventos fortes que assolam o aeroporto. Desde 2017 que se podiam ter adquirido novos radares, colocando-os mais próximo do aeroporto. Desde 2017 que a ANAC devia ter revisto os limites de vento, estabelecidos ainda no século passado. Desde 2017 o sector pede um plano de contingência, que os estudos apontam para uma outra utilização do aeroporto do Porto Santo, com uma ligação de barco, rápido, até ao Caniçal.

Este tempo todo passado sem solução, certifica para mim duas coisas: - que os interesses instalados não permitem essa ligação rápida de barco e que, se desse para fazer uma ponte entre ilhas, já a tínhamos de pé mas como não há PCEC possível, nada arranca.

Perante o que já é um problema actualmente em termos de pressão urbanística e tráfego em excesso, o PCEC avança, contra tudo e contra todos, Estrada Monumental fora. Em vez de se parar o processo, que para mim seria uma evidência, mais uma vez se cedem a pressões e viabiliza-se o caos, resolvendo-o com novo capítulo do PCEC: - um túnel, que certamente ajudará a financiar alguns destes projectos em curso.

Também gosto muito dos especialistas em trocar alhos por bugalhos quando se procura falar de um dos temas do momento: - a pressão em excesso em alguns locais mais turísticos da Ilha. Os relatos, até de acampamentos na serra com respectivo lixo associado são imensos e só peço a Deus que este nicho de negócio venha obstipado, se não a coisa vai mesmo cheirar mal…

Não, não era uma fatalidade! E sim, podíamos ter crescido de outra forma mas o PCEC ganhou outra vez! Agora, como não temos solução, falamos de um bom problema e de como não podemos chorar porque o negócio está supostamente a bombar. Daqui a 5 anos, quando quem hoje nos visita começar a falar da má experiência que cá teve e a explicar porque não quer voltar, quero ver onde andará esta gente.

Já mais do que esgotei os caracteres que tinha, reveladores do Plano de Cimentização em Curso que dura há décadas. Assim se celebra Abril por cá pela nossa terra…