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O que se tem assistido na comissão de inquérito é "autêntica vergonha para o país"

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O presidente do sindicato de tripulantes de cabine considerou hoje que as revelações na comissão de inquérito à TAP têm sido "uma autêntica vergonha para o país" e que o tempo provou que despedimento de trabalhadores "não era necessário".

"A narrativa ideológica de que os salários dos trabalhadores do grupo TAP eram os grandes culpados pela situação financeira em que a companhia se encontrava, a realidade veio dar-nos razão, esta sala veio dar razão. O que temos assistido nesta sala é uma autêntica vergonha para o país", afirmou o presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), Ricardo Penarróias, na comissão de inquérito à TAP, onde defendeu que o despedimento de trabalhadores da companhia aérea, no âmbito das medidas do plano de reestruturação, "não era necessário".

Para o responsável, a atual falta de trabalhadores, que, segundo disse, vai levar ao cancelamento de cerca de 200 voos, em maio, dá razão aos sindicatos e trabalhadores. "Os cortes [salariais] a que hoje em dia estamos todos sujeitos não eram necessários", apontou também.

"Fomos enganados. A palavra até é fraca, apetecia-me dizer outra palavra", afirmou Ricardo Penarróias, referindo-se ao sentimento dos trabalhadores da TAP, face às revelações que têm sido feitas na comissão de inquérito, criada por iniciativa do Bloco de Esquerda, na sequência da indemnização de meio milhão de euros à ex-administradora e ex-secretária de Estado, Alexandra Reis.

Para o presidente do SNPVAC, a culpa de não haver de paz social na empresa é da administração e do Governo, que, "de forma abusiva" e aproveitando a conjuntura de crise devido à pandemia, "impuseram medidas draconianas", que atualmente não se justificam.

Em resposta ao deputado comunista Bruno Dias, Penarróias lembrou que no último ano e meio já foram reintegrados 500 dos 750 tripulantes despedidos, mas a situação é ainda preocupante, uma vez que, devido aos acordos de emergência, a TAP tem tido dificuldades em contratar trabalhadores, algo inédito na sua história.

"Temos vários trabalhadores a receber abaixo do salário mínimo e 70% deles ganha menos de 1.000 euros por mês", apontou o dirigente sindical.

Já questionado pela deputada socialista Cristina Sousa se a empresa teria entrado em insolvência, sem o apoio do Estado, Penarróias considerou que os apoios "foram insuficientes para os trabalhadores".

"Naquele período, nada me comprova a mim que, se não tivesse havido intervenção estatal, tinha havido insolvência, nada me comprova essa situação", realçou.