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Venezuelanos realizaram 9.294 protestos em 13 meses

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Os venezuelanos realizaram 9.294 protestos em 13 meses, durante o 2022 e até finais de janeiro de 2023, segundo dados divulgados hoje pelo Observatório Venezuelano de Conflito Social (OVCS).

"Protestos na Venezuela. A participação dos cidadãos tem sido esmagadora: 8.294 protestos nos últimos 13 meses: todos os meses de 2022 e Janeiro de 2023. Há uma maior exigência de direitos económicos, sociais e ambientais. Os trabalhadores são os protagonistas", explica o OVCS na sua conta do Twitter.

Os dados fazem parte do relatório "Conflituosidade social -- janeiro de 2023" e dão conta que no primeiro mês desde ano, os venezuelanos realizam "1.262 protestos, 42 por dia, número que representa um aumento de 136% em comparação com o mesmo mês do ano passado", quando os registos deram conta de 534 protestos.

"Foram documentados 1.137 protestos para reivindicar Direitos Económicos, Sociais, Culturais e Ambientais (DESC), 90% do total. As principais exigências relacionavam-se com os direitos laborais e serviços básicos", explica o relatório precisando que 10% (125 casos) registados em janeiro foram por direitos civis e políticos.

O maior número de protestos de janeiro foi registado no estado venezuelano de Bolívar (153), seguido por Mérida (120), Táchira (105), Miranda (91), Anzoátegui (87), Carabobo (75), Lara (65) e Falcón (63).

Registaram-se ainda protestos nos estados de Portuguesa (57), Barinas (56), Nova Esparta (49), Sucre (47), Arágua (42), Distrito Capital (33), Delta Amacuro (32), Monágas (29), Yaracuy (28), Zúlia (25), Trujillo (23), Cojedes (22), Guárico (21), Vargas (21), Amazonas (9) e Apure (9).

"Os protestos dos trabalhadores ocuparam o primeiro lugar em termos de reivindicações, representando 82%. Cada segunda-feira do mês os professores realizaram protestos maciços a nível nacional com o apoio de reformados e pensionistas, pais e outros trabalhadores da administração pública", explica o documento.

Segundo o OVCS "mantêm-se as concentrações como a principal forma de protesto" e "os trabalhadores das empresas básicas (estatais) exigiram o reajustamento das tabelas salariais", uma reivindicação à que se juntaram reformados e pensionistas.

"A água potável, eletricidade e gás doméstico foram os serviços mais exigidos", afirma, precisando que os pais e representantes de estudantes realizaram mobilizações para condenar ameaças e anúncios oficiais de uma possível substituição de professores por membros do Programa Chamba Juvenil (PCJ, trabalho) ou das Unidades de Batalha Bolívar y Chávez (UBCH).

"Se documentaram 18 protestos reprimidos em 12 estados e 13 pessoas foram presas. 89% dos protestos reprimidos foram sobre direitos laborais", precisa.

Além das 799 concentrações de protesto, os venezuelanos realizaram 344 marchas e 63 bloqueios de ruas ou avenidas.

O OVCS explica ainda que é frequente que os venezuelanos "se vejam obrigados a pagar valores em moeda estrangeira para receber água de camiões-cisterna", ou "a percorrer longas distâncias para obter água de fontes improvisadas, rios, praias ou riachos".

"A falta de água transcende a esfera doméstica, afetando a prestação de serviços de saúde, assistência médica, atividades académicas, entre outras atividades habituais", sublinha.

Por outro lado, precisa que "as queixas continuam a aumentar devido a cortes prolongados de energia elétrica que perturbam as atividades diárias, afetam o funcionamento dos eletrodomésticos e a conservação dos alimentos".

"Continuam as queixas e reclamações contra o controlo dos 'conselhos comunais' (associações de vizinhos) sobre a venda e distribuição de botijas de gás, que demoram semanas e meses, e até mesmo se perdem", afirma.

A oposição venezuelana marchou para reclamar um sistema eleitoral independente e eleições presidências, e simpatizantes do Governo do Presidente Nicolás Maduro marcharam para exigir o fim das sanções económicas impostas pelos Estados Unidos.