É a primeira vez que um partido de direita fica à esquerda no hemiciclo?
A Assembleia Legislativa da Madeira toma posse, amanhã, para a XIII Legislatura e vai ter, pela primeira vez, nove partidos no hemiciclo - PSD, PS, JPP, Chega, CDS, PCP, IL, PAN e BE - com uma distribuição de lugares que pode gerar alguma confusão.
Na reunião da Comissão Permanente, na segunda-feira, foi decidido que PSD, CDS, IL e PAN ficariam no lado direito do hemiciclo e os outras partidos - PS, JPP, Chega, PCP e BE -, do lado esquerdo.
Ou seja, um partido de direita - muitas vezes classificado como de extrema-direita -, o Chega, vai sentar-se no meio de forças políticas de esquerda e centro-esquerda, algumas também classificadas como de extrema-esquerda. Por outro lado, o PAN, que ao nível nacional é colocado no lado esquerdo do espectro político, vai ocupar um lugar ao lado de PSD e CDS, os partidos que integram o Governo Regional que terá apoio parlamentar do partido Pessoas Animais Natureza.
Uma distribuição de lugares que pode gerar algumas dúvidas e até protestos, como foi o caso do líder do Chega, Miguel Castro, mas que não é inédita e nem sequer é a mais 'radical' no que diz respeito a trocas esquerda-direita.
Até à legislatura que começou em 2011, o parlamento regional esteve com os lugares 'trocados'. O PSD, que tinha maioria absoluta, decidiu, anos antes, mudar de lado,. passando para a esquerda do plenário. Uma mudança que não teve qualquer motivo ideológico, mas apenas de imagem.
Como a RTP-Madeira só tinha câmeras do lado direito do plenário, junto à bancada dos jornalistas, os deputados 'laranja' eram quase sempre filmados de costas. Jaime Ramos, então líder parlamentar, decidiu mudar de lado, ignorando os protestos da oposição. Foi esta mudança que levou a que Alberto João Jardim afirmasse que o PSD era "verdadeira esquerda da Madeira" e por isso estava no lado certo do hemiciclo.
Quando a RTP-M passou a ter recolha de imagens dos dois lados do plenário, tudo voltou ao normal.
Um outro protesto de Miguel Castro, em relação ao JPP, que queria afastar o Chega da primeira fila do plenário, podendo ser justa, não é inédita. O próprio Chega, em 2015, quando elegeu um grupo parlamentar, ficou na última fila.