Madeira

Lesados do Banif reúnem-se com advogados no Hotel Meliá

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Os lesados do BANIF estão reunidos, esta tarde, com o advogado Nuno da Silva Vieira, da Vieira Advogados, no auditório do Hotel Meliá Madeira Mare, no Funchal.

O encontro serve para "informar as novidades acerca do grupo de trabalho e da impugnação que é necessária de ser realizada mediante a resposta / cartas que os lesados estão a receber da comissão liquidatária do Banif", dá conta a nota remetida às redacções.

"Já tomaram uma decisão e agora nós vamos impugnar essa decisão", explicou ao DIÁRIO Jacinto Silva, presidente da delegação da Associação dos Lesados do Banif (ALBOA), clarificando que a reunião servirá não só para esclarecer os lesados, como também para recolher a documentação necessária para proceder à dita impugnação.

Jacinto Silva salienta que os visados "têm de facultar essa documentação aos advogados, sob pena de não se poder fazer a impugnação" e, consequentemente,  "não serem abrangidos pela solução da recuperação de créditos.

Em Dezembro de 2019, uma comissão de peritos nomeada pela Ordem dos Advogados concluiu que foram encontrados indícios de práticas ilícitas na venda dos produtos financeiros no Banif e validaram 2.330 pedidos de lesados do Banif, sendo o valor dos investimentos em causa de 230 milhões de euros.

Desde então que se espera por uma solução que compense esses lesados (ainda que parcialmente) pelo dinheiro perdido. Em causa estão valores da ordem dos 450 milhões de euros.

Segundo a ALBOA, o ‘lesado Banif’ tem em média 61 anos, baixa escolaridade (39% têm escolaridade inferior ao 4.º ano do ensino básico) e é proveniente dos Açores ou Madeira. A aplicação média é de 73,5 mil euros e as obrigações subordinadas Banif são o produto financeiro mais comum.

O BANIF, criado em 1988, chegou a assumir a oitava posição na lista dos maiores bancos portugueses, contando com cerca de 680 agências em Portugal e no estrangeiro, com particular destaque na Venezuela, África do Sul, Brasil, Reino Unido e Espanha, entre outros. Com a deterioração da situação financeira do banco, em 2015 a Comissão Europeia aprovou temporariamente um Auxílio Estatal que resultou na autorização para uma operação de recapitalização do BANIF com investimento público em 1,1 mil milhões de euros.

No entanto, esta operação foi aproveitada pelos seus comerciais e estruturas para venda de produtos aos clientes, convencendo-os de que agora se tratava de um banco público e totalmente seguro. Situação que levou a que, nas regiões autónomas em particular, muitos cidadãos tenham sido “enganados de forma dolosa e escandalosa”, sem conhecerem a situação real das suas contas e a fragilidade em que se encontravam.