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Oposição promete intensificar contestação social na África do Sul

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O líder da oposição na África do Sul, John Steenhuisen declarou hoje que o partido vai intensificar a contestação social no país para destacar "outros" desafios que a sociedade sul-africana democrática enfrenta.

"É o começo de uma ação pacífica em massa em todo o país, porque esta é a linguagem que as pessoas em Luthuli House entendem", referiu.

Steenhuisen, que liderou uma ação de protesto nacional contra a atual crise de energia no país, destacou "o crime, a pobreza e os desafios de poder, na expectativa de que sejam atendidos com urgência" pelo Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), que governa desde 1994 na África do Sul.

"Nós não temos um problema Eskom na África do Sul, temos um problema ANC", frisou.

"Se eles pensam que vamos aceitar o aumento das tarifas [de 18,6% na eletricidade], que devemos pagar pela sua corrupção, pelo destacamento de quadros, estamos aqui para dizer como sul-africanos, não, não e não", vincou o líder da oposição.

Mais de 4.000 pessoas, simpatizantes e militantes do partido Aliança Democrática (DA, na sigla em inglês), juntamente com várias organizações da sociedade civil, manifestaram-se no centro da cidade de Joanesburgo, e na Cidade do Cabo, contra o agravamento da crise energética que afeta o país há várias décadas, salientando que o país "atingiu um ponto de rutura".

Os sul-africanos enfrentam diariamente apagões de pelo menos 12 horas, sendo que a situação precária da empresa pública responsável por 90% da produção nacional, a endividada Eskom, está na origem da crise de eletricidade de longo prazo na economia mais desenvolvida do continente africano.

"O DA não é o único afetado pelos cortes de energia, é todo o país, é uma crise nacional, eles querem apresentar soluções, e nós queremos soluções, mas não existe atualmente uma plataforma para isso, este local [Luthuli House] não é um edifício do Governo, é uma casa revolucionária", declarou, por seu lado, um militante do ANC junto da sede nacional do partido no poder, onde os organizadores da ação de protesto contra a crise de eletricidade pretendiam entregar um memorando.

O militante do ANC, que detém a maioria na Assembleia Nacional sul-africana, disse à televisão sul-africana eNCA que "é no parlamento onde se discutem temas de interesse nacional".

"Os alimentos estragam-se no frigorífico, a eletricidade é uma necessidade e não entendemos porque a África do Sul não produz o suficiente. O que é que o ANC está a fazer?", questionou uma funcionária de uma escola no Soweto.

Em Joanesburgo, a polícia sul-africana usou petardos para fazer dispersar centenas de militantes do ANC, que tentaram impedir com violência a ação de protesto pacífica contra os atuais cortes constantes de energia no país.

"Camaradas, temos o dever revolucionário de defender a Luthuli House [sede nacional do ANC", declarou uma das militantes do partido no poder, através de um altifalante, apelando depois à calma quando se dirigia aos militantes do ANC no centro da cidade de Joanesburgo, a capital económica da África do Sul.

Apesar de terem sido impedidos de entregar o memorando na Luthuli House, os organizadores da ação de protesto consideraram que "o ANC recebeu a mensagem de que os cidadãos não tolerarão mais a crise de eletricidade fabricada do partido governante".

A barragem de Cahora Bassa, em Moçambique, é uma das fornecedoras externas de eletricidade ao país.