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Economia da Longevidade

Apesar de algumas Universidades Sénior, há muito que ensinar aos mais idosos

Há já muitos anos que quase toda a Europa, para não falar em muitíssimos países fora dela, encetou políticas conducentes à melhoria das condições de vida dos mais idosos, numa perspetiva de clarividência de que todo o investimento nesta matéria se repercutirá, naturalmente, em ganhos claros na economia do país. Isto porque, como em vários artigos já publicados, por mim e por outros estudiosos, em 2050, metade da população europeia (e a Portuguesa não será exceção) terá mais de 65 anos. Por este facto, os economistas têm afirmado que se abriu uma nova vertente na economia: ECONOMIA DA LONGEVIDADE.

Procurarei explicar um pouco este fenómeno, confessando desde já algumas limitações, já que estou a entrar numa área fora das minhas competências formativas. Os aspetos que vou abordar prender-se-ão com a saúde, educação, habitação, transportes, áreas sociais, trabalho e lazer.

Sendo certo que, na área da Saúde, os maiores de 65 anos estarão mais bem identificados nas suas múltiplas doenças, que lhes são habituais por terem atingido essa idade, o seu bem-estar deverá diminuir os gastos em medicamentos, exames complementares, consultas e intervenções curativas se, essa identificação e estudo for executado atempadamente e controlado sem stresses ou atrasos, como os que atualmente se verificam. E há trabalhos feitos em vários países europeus (ficarei só por estes) que nos ensinam como o fazer.

Na área da Habitação, os estudos e trabalhos publicados nesta matéria são interessantíssimos e entusiasmantes, já que em muitos países, os arquitetos e técnicos ficam incumbidos de adaptar as habitações para que os seus utentes possam ser autónomos na sua utilização. Como exemplo, refiro os Países Baixos onde existem provedores (conselheiros imobiliários) cuja função primordial é a de procurar a casa adaptada às necessidades atuais e futuras dos mais idosos.

Na área dos Transportes, admito que em algumas cidades portuguesas tem havido um esforço autárquico para facilitar a vida aos mais idosos, como passes gratuitos e acessos a passeios (“tratuários” – no nosso regionalismo linguístico) melhorados e sem desníveis; faltando ainda muitos acessos verticais em muitas habitações, que limitam a mobilidade dos que lá vivem, tornando-os “prisioneiros” na sua própria residência. Os exemplos que nos vêm doutros países, poderiam ser facilmente adotados e não representam custos elevados.

Nas Áreas Sociais, muito se tem estudado, experimentado e publicado nos países europeus, com resultados já testados e que facilmente poderiam ser adaptados na nossa ilha.

Trabalho e Lazer, serão obrigatoriamente onde encontramos mais estudos, mais experiências, mais exemplos vividos e com excelentes resultados que necessitamos de implementar na nossa ilha.

Deixei para o fim a Educação, porque entendi que, sendo aquela área onde provavelmente os políticos têm naturalmente outras preocupações, esquecem que “é de pequenino que se torce o pepino” e que será aí que deveremos concentrar a nossa ação formativa para o devido respeito aos mais idosos e a urgente e necessária preparação destas gerações (que tudo absorvem!) no sentido de os sensibilizar para a necessidade de se prepararem devidamente para um dia poderem usufruir ativamente dum estilo de vida diferente da dos seus pais e avós, quando atingirem as suas idades.

Apesar da existência de algumas Universidades Sénior, há muito que ensinar aos mais idosos, nomeadamente envolvendo-os em tarefas que implicasse a sua participação na educação e formação dos mais jovens. Sinergias que vemos expressas em muitos artigos publicados, estudados e aplicados em vários países europeus.

E tudo isto vem a propósito dum artigo meu publicado em 13 julho de 2021, em que me congratulava efusivamente com o anúncio da constituição duma Direção Regional em que estas matérias seriam, para além de outras, devidamente tratadas e estudadas, para que se venha a concretizar o que dizia o Vice-Presidente do Governo Regional da Madeira (GRM) à altura, Dr. Pedro Calado:

“Queremos ser o primeiro arquipélago Age and Longevity Friendly, promotor da longevidade positiva e intergeracional, devidamente alicerçado e combinando, para tal, a intervenção pública e a promoção da iniciativa privada”.

E acrescentava que era sua intenção (obviamente do GRM) “…inscrever a RAM no Livro Verde de Economia da Longevidade EU”. (publicado em notícia assinada pelo jornalista Roberto Ferreira e publicado pelo DN a 8 de julho 2021).

E foi com redobrada alegria que, em agosto desse mesmo ano, vimos “nascer” a Direção Regional das Políticas Publicas Integradas e da Longevidade (DRPPIL)

Nesse meu artigo, eu concluía:

“… sei que os madeirenses vão ser mais uma vez inovadores, como o têm sido em tantas outras matérias, nomeadamente na organização estruturante e bem pensada no combate ao COVID-19 e nos apoios atempados às pequenas e médias empresas e ao emprego.”

Bem sei que as coisas por vezes não são céleres como ansiamos, mas confesso que tarda a se verem resultados da ação desta Direção Regional em matéria de Longevidade, exceção feita à questão dos internamentos de longa duração e cuidados continuados, cujo trabalho conhecemos e que reportamos de muito bem feito.

Em entrevista pelo DN à Diretora Regional da DRPPIL, Ana Clara Silva, cuja publicação data de 31 de julho 2022, era evidente a sua intenção de agora desenvolver toda a estratégia, que é bem expressa, na ação para que esta Direção Regional foi instituída: LONGEVIDADE.

Sei que a Senhora Diretora Regional vai prosseguir esse seu objetivo, porque tem vontade para o fazer e porque na referida entrevista, mapeou todas as áreas eletivas e prioritárias para a intervenção em Longevidade, demonstrando conhecimento sobre qual o caminho a fazer. Resta saber se o GRM lhe irá atribuir as condições de que necessita para que os madeirenses e o seu Governo venham a beneficiar duma ECONOMIA DA LONGEVIDADE inovadora e que será a incubadora de outros projetos do nosso País! !?...