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Rebeldes suspendem negociações de paz no Chade

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Vários grupos rebeldes do Chade suspenderam a sua participação nas negociações de paz, que ocorrem no Qatar, com o governo militar de transição daquele país africano, pondo em causa o diálogo nacional previsto para agosto.

"Observamos com pesar que as negociações estão paralisadas", indicaram.

Num comunicado conjunto emitido na noite de sábado, os dirigentes político-militares do Grupo Roma, do Grupo de Doha e da Coordenadora Nacional para a Mudança e Reforma condenaram as "manobras desestabilizadoras dos diferentes grupos da delegação do governo".

Os dirigentes rejeitaram "mais uma vez o mau ambiente de trabalho que prevalece nas negociações de paz em Doha", bem com as "manobras delatórias" da delegação governamental destinadas a "perturbar a serenidade das negociações".

Também julgaram a "ausência quase total" de uma sessão plenária e, portanto, de debates diretos com o governo.

Por fim, os signatários disseram que tomaram conhecimento da nova data para o diálogo nacional, marcada para 20 de agosto, mas lamentaram que tenha sido decidida "sem consulta prévia ou informação direta".

O comunicado foi emitido após a junta militar que lidera o Chade ter anunciado na última quinta-feira a data do diálogo de reconciliação nacional, adiada várias vezes desde que tomou o poder em abril de 2021.

O Chade é governado por um Conselho Militar de Transição (CMT) desde a morte do presidente Idriss Déby Itno -- que governava o país desde 1990 -- em abril do ano passado, durante violentos confrontos entre rebeldes e o Exército.

Após tomar o poder, a CMT, liderada por Mahamat Idriss Déby, de 38 anos, filho do chefe de Estado falecido, anulou a Constituição e dissolveu o Governo e parlamento.

Em meados de março de 2022, o Chade iniciou negociações preliminares no Qatar para "um diálogo nacional inclusivo" com os grupos rebeldes armados locais, com o objetivo de incorporá-los no processo.

O diálogo nacional foi inicialmente convocado para 15 de fevereiro, mas três semanas antes as autoridades decidiram adiá-lo pela primeira vez até 10 de maio. Voltou a ser adiado -- sem data fixa -- após a recomendação dos mediadores do Qatar.

Mahamat Idriss Déby prometeu a realização de eleições livres e democráticas dentro de 18 meses, após um "diálogo nacional inclusivo" com toda a oposição política e vários grupos rebeldes.

Desde o início, o CMT tem contado com o apoio da comunidade internacional, liderada por França, União Europeia e União Africana, uma vez que o Exército do Chade é um dos pilares da guerra contra os grupos 'jihadistas' na região do Sahel, em conjunto com as tropas francesas da Operação Barkhane.