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Onde há fumo, há fogo!

Em política, quando se fala em “unir” é certo e sabido que a coisa está feia

Para conhecermos as lideranças é preciso olhar para as “catacumbas” do poder. Quem sobre pés de barro se assenta e quem sobre estratégias maquiavélicas se movimenta, ao mínimo aluimento escorrega. A ambição é tramada. Mas será que alguém confia em quem viu fazer jogo duplo, enganou outros e deixou-se comprar? Já diz o povo – quem faz um cesto, faz um cento. A lei do retorno é lixada. Este tipo de “relações de confiança e de poder” duram até ao dia em que aparece outro que oferece mais. Neste xadrez do poder, a tentação é grande. E joga-se. Muito, sobretudo em relações de proximidade. Somos sempre traídos pelos “amigos” e jamais pelos “inimigos”. Já Maquiavel dizia que em política, os aliados de hoje são os inimigos de amanhã. Mas ao fim e ao cabo, apenas joga-se as regras impostas pelo próprio líder. E quem a ferros mata, a ferros morre. Sempre que há fumo, há fogo. Saber ler os sinais é uma virtude. Saber cortar a cabeça do bicho é o busílis da questão. Cortar o rabo não é solução. Volta a crescer como nas lagartixas. A vida ensinou-me a desconfiar mais dos que me dão pancadinhas nas costas do que dos que me enfrentam diretamente. Prefiro os transparentes e diretos. Respeito-os com toda a minha essência. Desprezo todos os Judas Iscariotes. São enguias que não conhecem integridade. Não é à toa que o PSD-Madeira voltou a falar em “unir o partido”. Em política, quando se fala em “unir” é certo e sabido que a coisa está feia. Na verdade, quem tem o poder tem o dever de unir por inerência das suas funções. Se apela à união é porque tem um saco de pulgas na mão. Na verdade, até de longe consegue-se perceber onde está o fumo e quem anda à socapa a largar fogo. Situação totalmente previsível. Montenegro, líder do PSD nacional, estará cá na Região no próximo fim de semana para a Festa do Chão da Lagoa. Confesso que estou expectante quanto à tónica que vai dar ao seu discurso. Tenho cá para mim que este seu discurso vai ser tramado. Vejamos. Irá manter a sua estratégia de “projetar exemplo da Madeira no país”, como afirmou antes de ser eleito Presidente do PSD nacional? É que no último Conselho Regional do PSD-Madeira, de 9 de julho, Miguel Albuquerque ameaçou expulsões do partido quando afirmou “se fizerem alguma confusão, vão ser empurrados para fora”. É este o rumo a dar a nível nacional? Irá Montenegro assobiar para o lado sobre as últimas notícias do PSD-Madeira? Será o PSD-Madeira um partido autónomo do PSD nacional? Terá Montenegro unhas para tocar um PSD a uma só melodia? Os últimos discursos políticos dentro do PSD-Madeira dão conta de que estão confiantes de que não vão precisar de bengala nas próximas eleições. O CDS que se cuide. O demérito da oposição é-lhe favorável. A um ano das eleições regionais quem se apresenta como sério adversário ao PSD-Madeira? Eis a questão. Neste meu espaço de opinião, quero aqui deixar uma palavra de solidariedade para com as pessoas que enfrentam incêndios perto das suas casas em Portugal Continental. Somos todos portugueses e a nossa consternação é grande. Nós sabemos bem o que estão a passar. Sabemos o que é lutar contra as chamas sem apoio dos bombeiros porque não podem acudir a todas as situações. Sabemos que se tudo abandonarmos, as chamas tomam conta de tudo. Sabemos o que é decidir a cada momento até quando lutar e quando desistir. Aprendemos em agosto de 2016 que precisamos aprender a combater os incêndios em comunidade. Infelizmente, continua a não haver coragem política para criar soluções conjuntas com a população para combatê-los porque a legislação sobre a proteção civil não o permite, apesar de sobre tantos outros assuntos se alterar a lei com muita facilidade. Podíamos já ser exemplo nacional nesta matéria. O poder governativo só faz sentido quando é exercido com a missão de servir a comunidade. O poder pelo poder é um exercício narcisista, arrogante, de autoelogio de uma falsa superioridade.