Cartas dum ilhéu

Recentemente comemoraram-se 101 anos da 1ª viagem hidroavião. Quando em 1974 as expectativas criadas quando da (conquista da liberdade) deu a esperança à maioria dos portugueses que o seu futuro estaria garantido quanto ao desenvolvimento do país e dos seus habitantes. Durante muitos anos o meio de deslocação dos madeirenses e porto-santenses foi de barco através do mar, apesar de até meados do século XX existir transporte aéreo graças ao hidravião. Atualmente com tanto avanço, tanta tecnologia e meios de transporte alternativos, regredimos e passamos a estar condicionados apenas ao transporte aéreo, com os condicionalismos atmosféricos que por vezes impedem o seu bom e seguro funcionamento. Se realmente houvesse algum génio, poderia ser aquele que projetou o malfadado teleférico do Curral das Freiras e que tivesse a genial ideia de criar um transporte alternativo de e para o continente, poderia até ser um teleférico marítimo ou o regresso de um hidroavião, já que a aversão ao ferry é de tal ordem por parte dos governantes que os madeirenses os sentimos prisioneiros da nossa própria ignorância. Ainda não percebi que um serviço que funcionou e evoluiu durante 4 anos; 2008-2011, venha sempre o argumento da inviabilidade do serviço ferry, enquanto se projeta um teleférico para uma zona que quase um dos ex-libris da nossa paisagem e cartaz do nosso turismo. Francamente só mesmo a ignorância nos faz não compreender o porquê das sucessivas trocas de prioridade. Não podemos continuar indiferentes a estas situações e teimosia de interesses. Deixo aqui aberto o debate e a avaliação deste caso específico. PS: Já agora parece que a asfaltagem da estrada das Gingas, (Floresta Laurissilva) vai avançar, em breve seremos conhecidos mundialmente pela Ilha do alcatrão e do betão. Porque nem todos somos parvos!

A. J. Ferreira