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EUA acusam Rússia de "atrocidades generalizadas" e alertam para armas químicas

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Foto EPA

O governo dos Estados Unidos acusou hoje a Rússia de cometer "atrocidades generalizadas" desde o início da invasão da Ucrânia e revelou que possui "informações credíveis" de que as forças russas podem usar vários gases contra militares ou civis.

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, citou o testemunho de mulheres e meninas que foram violadas e apontou ataques a infraestruturas civis, como um teatro e uma estação de comboios.

Blinken, que apresentou hoje o relatório anual do Departamento de Estado sobre direitos humanos, relativo a 2021, sublinhou que os abusos das forças russas estão a ser descobertos à medida que as forças russas se retiram de regiões que ocuparam.

Embora o chefe da diplomacia dos Estados Unidos tenha explicado que o governo não está em condições de confirmar um alegado ataque químico russo à cidade portuária de Mariupol, Blinken adiantou que os norte-americanos possuem e partilharam dados com os aliados, incluindo a Ucrânia.

"Temos informações credíveis de que as forças russas podem usar uma variedade de gases contra multidões, incluindo gás lacrimogéneo misturado com agentes químicos que podem causar sintomas mais fortes para enfraquecer e incapacitar combatentes e civis ucranianos como parte de sua campanha agressiva para tomar Mariupol", alertou.

No documento apresentado hoje, o Departamento de Estado assegura que a Rússia cometeu violações de direitos humanos na região separatista ucraniana do Donbass e na península da Crimeia, que anexou em 2014.

Especificamente, o relatório acusa as forças apoiadas por Moscovo de terem perpetrado atos violentos "generalizados" contra a população civil no Donbass em 2021, onde o Kremlin (presidência russa) apoia milícias pró-Rússia desde 2014.

Segundo Washington, as forças pró-Rússia também realizaram no Dondass sequestros e torturas, bem como expulsões forçadas.

Na península da Crimeia, autoridades leais a Moscovo terão cometido execuções extrajudiciais, expulsões forçadas, tortura e tratamentos cruéis e desumanos, incluindo internamentos em centros psiquiátricos como punição, denuncia o relatório.

O Departamento de Estado norte-americano apontou também que as forças pró-Rússia na Crimeia transferiram prisioneiros para a Rússia, prenderam opositores políticos, limitaram a independência judicial e impuseram restrições à liberdade de imprensa e liberdade de associação.

Este documento serve de guia ao Congresso norte-americano para determinar a realização da ajuda externa.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou quase dois mil civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.

A guerra causou a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, mais de 4,5 milhões das quais para os países vizinhos.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.