“Pela aragem se conhece quem vai na carruagem”

A sociedade em que nos inserimos "obriga-nos" à adopção de um comportamento padronizado, o dito "normal", na nossa interação uns com os outros enquanto seres civilizados. Fomos como que "formatados", destinados a seguir regras estipuladas e atitudes estandardizadas para que nos considerem "normais".

Quem quer que destoe deste padrão ou que não seja "uma Maria vai com as outras "é contemplado com um leque variado de epítetos pouco abonatórios, insultuosos e ofensivos da sua integridade pessoal.

Saber "comportar-se" não significa, necessariamente, a aceitação acrítica de tudo o que nos é "vendido".

Não somos menos cidadãos quando, no uso do nosso direito de liberdade de expressão, consagrado na Constituição, denunciamos algo que configura uma situação anómala, pouco correcta, mas passível de ser corrigida ou melhorada. Há alguns dias a esta parte ultrapassámos em Democracia o tempo que vivemos em Ditadura, mas é fraca a nossa cultura democrática e grande a insegurança na convivência com críticas e diferenças de opinião. Ter uma opinião diferente não é sinónimo de ser do contra, nem tem de ser objecto de represálias quem a profere. Algumas pessoas, em determinados casos, deixaram de usar o bom senso, pouco mais têm do que uma ideologia partidária cega e têm mais que fazer do que dar ouvidos a terceiros.

O problema põe-se quando estas individualidades exercem a sua actividade profissional em instituições públicas, muitas delas ocupando cargos de chefia ou gestão, para os quais se nota a evidente incapacidade e perfil desadequado ao respectivo desempenho. A teimosia e a vaidade pessoal são nefastas, precursoras de mau ambiente laboral, de relações tensas entre colegas e com reflexos negativos na qualidade de serviço público que estão obrigados a prestar. Os que passam a vida a atropelar os direitos dos outros são muito bons a defender-se. Talvez uma ressonância magnética a certas cabeças permitisse o diagnóstico da estupidez e lhes inviabilizasse a possibilidade de acesso para qualquer cargo público.

Falta-nos demasiadas vezes fazer coincidir inteligências e sabedoria em prol do bem comum. Lamentavelmente, entre pares, circula muita graxa (e não é da que dá brilho aos sapatos) e muito recurso ao "factor c" em detrimento de um serviço público de qualidade.

Não me sinto obrigada a engolir o que não me faz bem e arrogo-me o direito de expressar o meu descontentamento num qualquer livro de reclamações, sempre que achar pertinente. Mesmo que me tentem dissuadir.

Madalena Castro