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Slava Ukraini

Foram já enviados três contentores de ajuda humanitária para a Ucrânia, ao abrigo do protocolo tripartido

Diz-se que é muito mais fácil iniciar uma guerra do que pará-la, o que é bem verdade. Já passou mais de um mês desde que começou a invasão russa na Ucrânia e não há, por ora, sinais de que a paz esteja próxima.

Mas, neste entretanto, que parece nunca mais ter fim, em especial o fim que tanto desejamos, tarda que as tropas russas recuem para as suas fronteiras e que a paz seja alcançada. Enquanto vão falhando a diplomacia, as negociações, as pressões e as sanções, o que sabemos e aquilo a que, diariamente, assistimos é uma escalada no conflito, com a destruição de um País, centenas de civis mortos e milhões de refugiados. Também assistimos - e que tanto orgulho e admiração causa a qualquer um de nós que condenámos esta guerra, em concreto motivada pelo agressivo imperialismo russo e as suas inaceitáveis motivações e justificações - à resistência e obstinada coragem de uma nação e de um povo que, apesar de tanto sofrimento e desigualdade de recursos e meios militares, não se rende, que luta, até ao fim, pelo que é mais elementar e sagrado. São trinta anos de independência, e são, sobretudo, a crença e o direito que um País tem de, democraticamente, pelo princípio basilar da vontade dos seus cidadãos, livremente, escolher o seu destino.

Por toda a Europa, os governos e demais instituições, mas, igualmente, os cidadãos, manifestam-se e protestam contra esta injustificada guerra. Por toda a Europa cresce uma onda de solidariedade arrebatadora para com o povo ucraniano.

Também aqui na Madeira e no Funchal assim sucede. Desde já, reitero o meu agradecimento pela generosidade dos madeirenses e funchalenses. Foram já enviados três contentores de ajuda humanitária para a Ucrânia, ao abrigo do protocolo tripartido entre a CMF, a Logislink e a Associação de Ucranianos em Portugal. São sobretudo medicamentos e alimentos, mas não só, que muita falta fazem a quem enfrenta e é vítima da barbárie russa. Agradeço, de igual forma, aos muitos voluntários que se têm disponibilizado para processar e empacotar todos os bens recebidos. Sem eles seria muito mais difícil e morosa a ajuda chegar rapidamente, como tem acontecido.

Pode parecer pouco diante da magnitude e horror que é a guerra, mas esta é uma forma - sendo solidários e generosos, mostrando a grandeza dos nossos corações, tal e qual o fazem os ucranianos que defendem o seu País contra o agressor e invasor russo - de mostrar que a Europa e os europeus não toleram violentas e injustificadas demandas ideológicas gastas, provenientes de um passado que já não existe e que só causam destabilização e sofrimento, e nos colocam, a todos, em risco, porque, verdadeiramente, esta guerra, aparentemente longe, a todos afeta.

Este conflito militar, em que a Europa é obrigada a intervir, por enquanto indiretamente, vai forçosamente aumentar o custo de vida das populações, como, de resto, já está a acontecer. Vão aumentar as dificuldades sociais. A inflação e as taxas de juro vão crescer. A dívida pública do País e da Região vai subir. O nível de endividamento nacional e os nossos planos de pagamento, da dívida regional, terão de ser repensados. A nossa balança comercial será afetada. A dependência sobre o petróleo, gás e matérias primas, vai expor ainda mais as nossas fragilidades.

Estes não são tempos fáceis. Os tempos de guerra nunca o são. Esperemos, a bem de todos nós, que o bom senso prevaleça e que a paz venha rapidamente, que é o que todos desejamos e queremos, para que possamos retomar o caminho do progresso, do desenvolvimento, do bem-estar e da paz, que é a marca que engrandece a Europa, não a guerra.